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A dificuldade de mudar

“Nada é mais difícil de executar, mais duvidoso de ter êxito, ou mais perigoso de manejar, do que dar início a uma nova ordem das coisas. O reformador tem inimigos em todos os que lucram com a velha ordem, e apenas defensores tépidos, nos que lucrariam com a nova ordem” (Nicolau Maquiavel).

Essa é uma frase que mantenho em um quadro, em meu gabinete. Serve para lembrar que as dificuldades para implantar esta nova ordem não é nova, uma vez que seu autor viveu entre 1469 e 1527, na Itália. E é também um estímulo para persistir.

Quem decide implantar mudanças está fadado a enfrentar resistências de toda ordem. Mudar é afetar situações de comodidade das pessoas. Muitas vezes não é apenas a situação de comodidade a atingida, mas também os interesses pessoais ou coletivos de grupos já acostumados a facilidades e benesses.

Essas situações afligem desde pessoas comuns a dirigentes de grandes corporações e gestores públicos dos mais diferentes níveis. Isso porque as pessoas se acostumam com posições vividas por muito tempo e quando alguém propõe alguma alteração a instabilidade se instala. A insegurança cria todas as armas possíveis para a resistência.

E a dificuldade independe de classe social, posição profissional, formação ou escolaridade. A aceitação depende muito mais da preparação psicológica das pessoas. Do espírito de aceitar que as situações não são definitivas e que vez ou outra é preciso fazer mudanças, oxigenar os ambientes.

Se há dificuldades em mudanças domésticas e em organizações empresariais, onde há mais liberdade legal e agilidade, no setor público as alterações são mais difíceis em função, justamente, de limitações legais, amarras feitas em decisões anteriores e uma série de outros fatores, como implicações políticas e econômicas.

Em grande parte das vezes, a necessidade de mudança emperra em alguma solução financeira. A falta de recursos e a indisponibilidade de pessoas dispostas a agir prejudicam ou até impedem qualquer iniciativa que leve a novos rumos estabelecidos.

Nas administrações públicas, o que leva um candidato opositor a vencer as eleições é exatamente o sentimento de necessidade de mudanças nutrido pelos cidadãos. Quem quer a continuidade reelege ou elege alguém apoiado pelo grupo que está no poder. E quem disputa a eleição sabe tudo que é preciso mudar, mesmo que tenha a exata noção dos obstáculos a enfrentar.

Nossa gestão começou a mudar já no primeiro dia. As várias alterações foram anunciadas no dia da posse, um domingo. Foi um choque de gestão. Redução de despesas, controle das contas, melhor gestão das empresas públicas, normas a serem seguidas ou implantadas.

É claro que houve descontentamentos. E ainda há. Foi preciso muita persistência. E ainda é necessário. Mas persistência é apenas um dos “Pês” da nossa administração.

Por isso vamos persistir para continuar e ampliar a mudança em tudo o que for necessário, pertinente e possível. E vamos nos desviar dos “… que lucram com a velha ordem …”, com ações e resultados na direção do interesse coletivo dos ribeirão-pretanos.

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