Tribuna Ribeirão
Cultura

A difícil missão de ressuscitar o departamento de humor da Globo

ESTEVAM AVELLAR

Falar sobre a volta do hu­mor na Globo ainda é um assunto delicado, e nem tanto por todo o proble­ma causado por Marcius Melhem – de tão triste lembrança. O problema é que, hoje, há todo um cenário desfavorável, que torna a missão da diretora Patrícia Pedrosa, recém-designada, das mais desafiadoras, espe­cialmente na TV aberta.

Até devemos concordar que será muito difícil, para não dizer impossível, vol­tar ao que um dia já foi. “A empresa mergulhou fundo no universo da lacração e do identitarismo e, assim, se afastou do público”, avalia um redator de humor. “TV Pirata”, “Trapalhões”, “Zorra Total”, “Casseta”, entre outros, ainda segundo este mesmo profissional, ficam apenas nos registros históricos.

De fato, data hoje, são tantos os obstáculos, entre o que pode e não pode, que tornou tudo mais complicado, mas longe de se tornar um impedimento definitivo. O que, de fato, aconte­ceu é que não existem mais, como um dia já existiram, pes­soas tão gabaritadas e capacitadas para tanto. Ou alguém vai querer convencer que Golias, Chico, Jô, Walter D’Ávila, Antônio Carlos, Zilda Cardoso, Consuelo Leandro, Maria Tereza, Lúcio Mauro, Brandão Filho e Paulo Gracindo, entre zilhões de ou­tros, não repetiriam hoje o mesmo sucesso que fizeram?

Jogar a culpa apenas no “politicamente correto”, não deixa de ser uma cômoda forma de defesa ou de querer escamotear tanta falta de talento.

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