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A difícil limpeza do Gota D’Água

A limpeza do lustre de cris­tal “Gota D’Água”, obra de arte de Tomie Ohtake (1913-2015), artista plástica japonesa natura­lizada brasileira, procedimento que encerra os trabalhos de ma­nutenção e reparos do Theatro Pedro II – terceiro maior teatro de ópera do Brasil, referência histórico-cultural para a região de Ribeirão Preto –, terá início às nove horas desta quarta-fei­ra, 19 de abril.

Deve terminar entre quin­ta (20) e manhã de sexta-fei­ra (21) porque há espetáculos agendados para todo o final de semana. Geralmente, a lim­peza ocorre em janeiro e início de fevereiro, quando o Theatro Pedro II está em recesso. O pre­feito Duarte Nogueira (PSDB) e o presidente da Fundação Dom Pedro II, Nicanor Lopes, devem acompanhar os trabalhos.

Por ser uma obra de arte importante para o teatro, todo o cuidado é pouco para a pre­servação da peça, por isso, o trabalho de limpeza requer a realização de uma operação que leva cerca de três dias, des­de a retirada do lustre, sua lim­peza, troca de lâmpadas e res­tauro necessários até ser içado novamente ao teto.

Este trabalho deve ser feito próximo do solo para evitar acidentes com os funcionários e com a peça de arte. Em 2014, a Fundação Dom Pedro II in­vestiu R$ 40 mil em uma talha elétrica para “baixar” o lustre. De acordo com Nicanor Lo­pes, a descida do objeto é pro­movida de forma cuidadosa, sendo limpas, uma a uma, as placas de cristal.

“Todo esse trabalho conta com muita responsabilidade, carinho e atenção por parte dos funcionários do próprio teatro, que são especializados nessa limpeza”, destaca. O objeto é um dos símbolos da reinaugu­ração do Theatro Pedro II, em 19 de junho de 1996, após pas­sar 16 anos fechado devido a um incêndio em julho de 1980.

Desenhado por uma das principais artistas plásticas do Brasil, o lustre de cristal “Gota D’Água” é coberto por uma cú­pula de gesso estrutural, com a fixação de lâmpadas especiais que fazem suas luzes passar por entre os recortes, criando um efeito escultural único.

Com 1.400 quilos, tem 2,7 metros de altura por 2,2 me­tros de largura e possui cerca de 80 lâmpadas – no ano pas­sado, 68 foram substituídas. O Pedro II é o terceiro maior teatro de ópera do Brasil e referência histórica cultural para a região, assim como para todo o país.

O prédio é tombado como Patrimônio Cultural pelo Conselho de Defesa do Pa­trimônio Histórico Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Con­dephaat) e as obras são ne­cessárias para preservação de suas características originais.

O Theatro Pedro II vai completar 93 anos em 8 de ou­tubro. É o palco principal da Orquestra Sinfônica de Ribei­rão Preto (Osrp). Foi constru­ído entre 1928 e 1930 a pedido do advogado João Alves Meira Júnior, um dos fundadores da Cia. Cervejaria Paulista.

O projeto foi elaborado pelo arquiteto Hippolyto Gus­tavo Pujol Júnior, e a parte es­trutural da construção coube à empresa alemã Kemmitz. Em 15 de julho de 1980, durante a exibição do filme “Os Três Mosqueteiros Trapalhões”, um incêndio destruiu a cobertura, o forro do palco e grande parte do interior, incluindo-se o teto.

Na fase de reforma, a cú­pula metálica da plateia prin­cipal foi reconstruída pela artista plástica Tomie Ohtake e a caixa cênica foi rebaixada em seis metros. Foi criado um subsolo com mais dois níveis: espaços para serviços de apoio artístico, oficina de cenário, carpintaria e almo­xarifado técnico. Os ferros retorcidos na cúpula do tea­tro são uma alusão às chamas do incêndio de 1980, ideia de Tomie Ohtake.

“O lustre é uma obra mag­nífica, formando uma gota d’água invertida junto ao teto, que simboliza as chamas de fogo que acometeram o teatro na década de 1980. Temos o símbolo do que foi uma tragé­dia e que hoje, para nós, é mo­tivo de muito orgulho”, explica o prefeito Duarte Nogueira.

Além do lustre, todo o imóvel passa por manutenção no início do ano. São realiza­das a limpeza do prédio, aspi­ração e calafetação do palco, reparos das varas de ilumina­ção, varas cênicas, trocas de lâmpadas do equipamento de iluminação, marcenaria, res­tauração de pintura e boca de cena, manutenção hidráulica, revisão do sistema elétrico, entre outros serviços.

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