A limpeza do lustre de cristal “Gota D’Água”, obra de arte de Tomie Ohtake (1913- 2015), artista plástica japonesa naturalizada brasileira, procedimento que encerra os trabalhos de limpeza, manutenção e reparos do Theatro Pedro II – terceiro maior teatro de ópera do Brasil, referência histórico-cultural para a região de Ribeirão Preto –, começou nesta quarta-feira, 10 de fevereiro, e deve durar mais dois dias.
Por ser uma obra de arte importante para o teatro, todo o cuidado é pouco para a preservação da peça, por isso, o trabalho de limpeza requer a realização de uma operação que leva cerca de três dias, desde a retirada do lustre, sua limpeza, troca de lâmpadas e restauro necessários até ser içado novamente ao teto. Em 2014, a Fundação Dom Pedro II investiu R$ 40 mil em uma talha elétrica para “baixar” o lustre.
De acordo com Nicanor Lopes, a descida do lustre é promovida de forma cuidadosa, sendo limpas, uma a uma, as placas de cristal. “Todo esse trabalho conta com muita responsabilidade, carinho e atenção por parte dos funcionários do próprio Theatro, que são especializados nessa limpeza”, destaca.
“Como não temos expectativa de realizar eventos presencialmente, a agenda do Theatro Pedro II está suspensa, mas esperamos que com o calendário de vacinação nós consigamos ter uma estabilidade maior no controle da covid-19, uma redução de casos e menos internações e óbitos, para assim pensar em uma retomada neste segmento artístico”, afirma o prefeito.
O objeto é um dos símbolos da reinauguração do Theatro Pedro II, em 19 de junho de 1996, após ficar 16 anos fechado devido a um incêndio em julho de 1980. Desenhado por uma das principais artistas plásticas do Brasil, o lustre de cristal “Gota D’Água” é coberto por uma cúpula de gesso estrutural, com a fixação de lâmpadas especiais que fazem suas luzes passar por entre os recortes, criando um efeito escultural único.
Com 1.400 quilos, tem 2,7 metros de altura por 2,2 metros de largura e possui mais de 80 lâmpadas. O Pedro II é o terceiro maior teatro de ópera do Brasil e referência histórica cultural para a região, assim como para todo o país. O prédio é tombado como Patrimônio Cultural pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e as obras são necessárias para preservação de suas características originais.
O Theatro Pedro II completou 90 anos em 8 de outubro de 2020. É o palco principal da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto (Osrp). Foi construído entre 1928 e 1930 a pedido do advogado João Alves Meira Júnior, um dos fundadores da Cia. Cervejaria Paulista.
O projeto foi elaborado pelo arquiteto Hippolyto Gustavo Pujol Júnior, e a parte estrutural da construção coube à empresa alemã Kemmitz. Em 15 de julho de 1980, durante a exibição do filme “Os Três Mosqueteiros Trapalhões”, um incêndio destruiu a cobertura, o forro do palco e grande parte do interior, incluindo-se o teto.
Na fase de reforma, a cúpula metálica da plateia principal foi reconstruída pela artista plástica Tomie Ohtake e a caixa cênica foi rebaixada em seis metros. Foi criado um subsolo com mais dois níveis: espaços para serviços de apoio artístico, oficina de cenário, carpintaria e almoxarifado técnico. Os ferros retorcidos na cúpula do teatro são uma alusão às chamas do incêndio de 1980, ideia de Tomie Ohtake.