As Capitanias hereditárias alicerçaram os caminhos de um País nascente, e os quase quatrocentos anos de escravização do negro produziram uma casta de donos de terras, que com o suor e o sangue dos escravizados construíram seus impérios calçados nos costumes e nas tradições de uma aristocracia, que mesmo nos trópicos sentem circular em suas veias o sangue azul herdado da nobreza do Velho Continente, e que esta pseudo superioridade que julgam ter sobre o restante da sociedade, segundo as suas crenças foi dada por “Deus”, e isso permite que disponham das vidas humanas, que julgam inferior de acordo com suas convicções, estabelecendo uma sociedade com extremos: de um lado a riqueza e a opulência, do outro a fome e a miséria.
Os avanços tecnológicos ainda não foram suficientes para permitir que a vida das classes menos favorecidas mudem radicalmente. O captu do artigo 5º da nossa Constituição garante que todos são iguais perante a lei, mas depois de trinta e cinco anos da sua Promulgação, a população pobre ainda espera que esta lei seja cumprida e se torne realidade. Na democracia, o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente conforme determina a Constituição. No entanto, o arcabouço político que foi construído no Império e continuou na República manteve os privilégios hereditários, não permitindo as mudanças estruturais para que um dia sejamos uma Nação.
As estruturas feudais estão arraigadas profundamente no sistema, e qualquer tentativa de elevar as condições de vida da base da pirâmide encontra resistência voraz e violenta de quem quer manter tudo como sempre foi. Para defender seus interesses, se alinham à extrema direita, que tem como principal bandeira, o combate doentio contra o comunismo, e qualquer governo progressista que tente tirar o pobre da fome e da miséria é atacado com virulência, e as mesmas armas usadas durante a Guerra Fria, sendo a principal a mentira que é usada ardilosamente para destruir seus oponentes – é o que está acontecendo atualmente.
E estes malandros que dão as cartas na política brasileira têm um cabedal intelectual adquirido naquela famosa Universidade, a UFMS (Universidade da Falcatrua, Malandragem e Safadeza), e isso os torna imbatível nos argumentos que utilizam para engabelar o eleitor pobre, que deposita o seu voto, acreditando que sua vida vai ser melhor se o fulano for eleito, mas sua vida só piora. E esse quadro piorou muito com a chegada dos chamados “homens de Deus” oriundos das igrejas pentecostais, aí o caldo entornou de vez. Quando Ulisses Guimarães foi questionado sobre a qualidade do parlamento, ele respondeu: “Se você acha este parlamento ruim, espere para ver os próximos”, e essa decadência moral e ética está explícita no Congresso Nacional, nas assembleias estaduais e nas câmaras municipais.
As lutas sociais iniciadas com o Movimento Negro Unificado de 1978, e o Movimento Contra a Carestia do mesmo ano, mostraram a força dos movimentos de base, mas os donos do poder financeiro, que elegem seus representantes, com a ajuda dos votos dos pobres, e estes traidores das causas populares, assim que assumem seus cargos trataram de criminalizar estes movimentos. Pequenas batalhas foram vencidas com a Promulgação da Constituição cidadã, no entanto a Constituição vem sendo remendada para tentar eliminar os direitos dos pobres, que com muita luta, sangue, suor e lágrimas estabeleceram seus direitos na Carta Magana. Não permitiremos retrocessos, somos maioria e vamos lutar para manter as nossas conquistas. NÃO AO RETROCESSO!