Quem costuma frequentar as feiras livres de Ribeirão Preto, com certeza, já viu o pajé Aktxawã, de 29 anos de idade e sua esposa Aktxawara, de, 38 anos vendendo artesanato e ervas medicinais em uma colorida barraca. Natural da tribo Aldeia Nova, localizada no estado da Bahia, o pajé está em Ribeirão Preto há um ano e meio.
Antes de vir para Ribeirão Preto eles passaram por outras cidades brasileiras, como São Paulo e Franca, difundindo a cultura e os costumes de seu povo. Entretanto, foi aqui que Aktxawã [que, como a esposa, tem dois nomes, o indígena e o do registro civil, que é Adriano Brito da Silva] decidiu ampliar este trabalho. Além de comprar um ponto nas feiras livres – trabalha em quatro feiras de terça a domingo -, também faz chás com ervas medicinais que ele garante serem benéficos para várias doenças, como diabetes e pressão alta.
Além disso, o pajé realiza cerimônias espirituais – pajelanças – típicas de sua tribo, em uma chácara localizada na zona Leste de Ribeirão. O local serve também como residência para ele e a família composta ainda por quatro filhos com idades entre dez e um ano.
Entre os chás que comercializa e que são preparados na feira livre na frente dos clientes estão as garrafadas feitas a partir da mistura de várias ervas. No local, ele também ensina as pessoas interessadas sobre o uso e para que cada erva é utilizada.
Engana-se quem pensa que o pajé vive na era analógica. Com a era digital, a internet e as redes sociais ele aderiu ao Instagram e ao Facebook. Por estes canais, além de ampliar seu trabalho, agenda palestras para falar sobre seu povo e seus costumes. No Instagran o interessado deve buscar por pajé Aktxawã índio patacho e no Facebook por Aktxawã Brito.
No ano passado, quando a Prefeitura de Ribeirão Preto regularizou provisoriamente os ambulantes no quadrilátero central da cidade, Aktxawã tentou conseguir um espaço no local. Mas na época a então Secretaria Municipal de Turismo de Ribeirão Preto negou a cessão do espaço porque ele não atenderia os requisitos exigidos pelo chamamento público realizado.
Na época, o Ministério Público afirmou que ele foi impedido por desrespeitar o decreto que regulamentou o espaço urbano. “Os espaços para microempreendedores já foram sorteados segundo edital de chamamento e os permissionários já estão em seus devidos pontos”, afirmou o MP, na ocasião.
Origem
A origem da etnia Pataxó e sua cultura remontam ao interior do Estado de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Há vestígios de que os índios Macro-Jês (antepassados dos Pataxós), já habitavam a região da costa brasileira do descobrimento mil anos antes de Cristo. Após o ano 420 os Macro-Jês acabaram migrando para o interior, por pressão dos índios Tupi. Migravam em pequenos grupos onde viviam da coleta de alimentos na Mata Atlântica e do cultivo da agricultura para subsistência. Hoje, os Pataxós vivem em diversas aldeias no extremo sul do estado da Bahia e norte de Minas Gerais.
Os Pataxós começaram a fabricar peças de artesanato, arcos, flechas, lanças, cocares, pulseiras, colares e outros adornos apreciados pelos turistas, para venda, como forma de subsistência.
Atualmente se preocupam na preservação do meio ambiente e de sua cultura. Replantam árvores. Resgatam danças, ritos e a valorização da língua e dos cantos indígenas. Reúnem-se em volta de uma fogueira, principalmente em noites de lua cheia para contar e ouvir suas histórias e lendas. Assim, vão transmitindo suas experiências, mantém suas festas, rituais, danças, jogos, comidas e bebidas típicas, pinturas e cantos indígenas fazem parte dos rituais.