Neste ano de 2019 serão comemorados os 50 anos da chegada do homem à Lua. A lenda milenar de Ícaro, que, com suas asas de cera conseguiu voar, demonstra como é antigo o anseio do homem para vencer a gravidade e pairar no espaço, imitando as aves. A lenda também adverte como era vã a empreitada, pois encantado com sua descoberta, Ícaro quer atingir o Sol e seu calor derrete os instrumentos de sua aventura, morrendo na tentativa e ensinando que a Terra seria nosso único abrigo.
Mas, o homem na sua busca constante de progresso, não atendeu ao ditame da lenda e continuou insistindo. A evolução natural dotou certos animais com asas primitivas, que foram evoluindo e terminaram se transformando nas aves. Como esta evolução não beneficiou os humanos, evoluímos pela ciência e inventamos os aviões.
Sempre é bom recordar que brasileiros colaboraram para que o homem voasse. O pioneiro foi Bartolomeu de Gusmão, o Padre Voador, com sua Passarola, engenhoso balão movido pelo calor da mecha e que encantou a corte portuguesa. Mas, a vitória da aventura estava para ser alcançada por Alberto Santos Dumont, que com seus balões conquistou a dirigibilidade, e seu 14-Bis, mais pesado do que o ar e que dotou o homem de asas.
Vencida a barreira, os homens se dedicaram a aperfeiçoar a invenção. E, 113 anos após a conquista, foram evoluindo suas asas até os modernos aviões que cortam os ares, ligam os continentes, transportam pessoas e produtos e até fazem a guerra.
Mas, o Sol continuou seduzindo os Ícaros. Não bastava conquistar somente os ares. Da mesma maneira como no final da Idade Média se dedicara a penetrar o mar desconhecido, em busca de novas terras, o homem queria conquistar o espaço.
No século XIX, Júlio Verne, um notável precursor do futuro, lançou seu livro “Da Terra à Lua”, em que previu um gigantesco canhão lançando o homem em direção de nosso satélite. O conceito de um foguete como impulsionador para o espaço tomou conta dos quadrinhos. Mas a intenção só começou a se realizar em 1903, quando o russo Konstantin Tsiolkovski se dedicou ao estudo sistemático dos foguetes. Foguetes que, evoluídos pelos alemães na II Guerra Mundial, originaram as mortais bombas V2.
A guerra acabou com as explosões atômicas em solo japonês e o domínio desta tecnologia pelos Estados Unidos, o que deu início à chamada Guerra Fria. Para demonstrar sua superioridade, os russos lançaram-se à conquista espacial, pegando os Estados Unidos despreparados.
Em 1957, a URSS lança o primeiro satélite artificial, o Sputnik, seguido do seu número 2, que levava a bordo o primeiro animal a circundar a Terra, a cadela Laika. Em 1961, Yuri Gagarin é o primeiro humano a orbitar nosso planeta, quando pronunciou a famosa frase: “ A Terra é azul ”. Quatro anos mais tarde, o cosmonauta Alexei Leonov faz o primeiro passeio espacial. A conquista do espaço parecia bafejar a URSS.
Foi quando os americanos, capitaneados pela NASA, resolveram reagir, lançando-se numa conquista pioneira, a chegada à Lua. Em 20 de julho de 1969, depois de várias tentativas e fracassos, o módulo lunar da Apollo 11 pousa na Lua com Neil Armstrong e Buzz Aldrin. Milhões de pessoas observam pela TV e ouvem a histórica frase: “Este é um pequeno passo para o Homem e um salto enorme para a Humanidade”.
Terminada a Guerra Fria, começa a longa parceria entre os antigos inimigos. Várias outras nações se lançam à conquista do espaço, abrindo um novo capítulo para o sonho pioneiro de Ícaro.