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A complexidade da educação básica

O comentário do técnico Alex de Souza, do sub-20 do São Paulo, após o termino do jogo contra o Palmeiras pelas semifinais da Copa São Paulo de Futebol Júnior, sobre a invasão do campo por um torcedor do São Paulo, armado com uma faca, e que foi contido pelos jogadores tricolores. Ele enfatizou que estes problemas são reflexos da educa­ção, e que o futebol deveria ser um exemplo, no entanto reproduz com mais ênfase as barbáries do cotidiano. A educação básica, não pode se reduzir apenas aos conteúdos escolares, tem que contribuir para a construção de uma so­ciedade igualitária, onde a empatia, o respeito e a relações humanas sejam a marca da cidadania, mas no Brasil, a maioria das escolas continua sentada no velho estigma, no qual a escola passa conteúdo, e as famílias educam.

A construção da cidadania brasileira foi explícita na Cons­tituição de 1988, e não é por acaso que é conhecida como a Constituição cidadã. Acontece que a raiz escravocrata no Brasil é profunda e resiste ao tempo, e a chamada elite anco­rada na aristocracia luta com todas as armas expondo suas excrecências morais, perpetuando o estigma da casa grande e senzala. Quando o ex-presidente José Sarney, em outubro de 1988 promulgou a nova Constituição, fez questão de enfatizar as dificuldades que o governo iria encontrar para cumprir a nova Carta Magna, pois era moderna demais, segundo suas palavras era uma lei para a Suíça, e não para o Brasil, e essa foi a deixa para que os inescrupulosos começassem a desres­peitá-la no nascedouro, e as Emendas ao longo do tempo tra­taram de colocar os sonhos dos pobres no seu devido lugar.

Voltando à questão educacional, o artigo 205 da Cons­tituição brasileira determina que a educação seja dever do Estado, com a participação da família e da sociedade, mas ao longo destes trinta e três anos não saiu do papel. Acontece que a maioria das escolas púbicas não permite que as famílias participem efetivamente destes espaços, onde manda quem pode e obedece quem tem juízo, já nas escolas privadas é a ideologia escravocrata dos pais que de­termina como vai ser a formação dos seus filhos, deixando de lado qualquer pedagogia que seja inclusiva e igualitária.

Não existe democracia sem cidadania, e o espaço onde essa aprendizagem se materializa é o chão da escola. O ideal de uma sociedade começa a se materializar no espaço esco­lar, e a escola pública básica é o alicerce que vai reproduzir a vida em sociedade – o pilar da democracia. Enquanto a escola básica pública patina tentando colocar em prática novos pro­jetos, o Ministério da Educação, com os seus criminosos tra­balha para aniquilar as poucas conquistas exitosas. Enquanto isso algumas escolas da rede privada são disseminadoras do preconceito, incutindo nos educandos a intolerância políti­ca, sexual e moral, e com isso deixam de lado a pedagogia e promovem uma ideologia que vai produzir cidadãos ines­crupulosos, e para materializar estas excrescências, criaram o projeto “escola sem partido”, para criticar e perseguir os novos projetos de escola libertadora e inclusiva.

A fala do técnico Alex de Souza mostra que um projeto de País evoluído passa indubitavelmente pela educação básica pública, no entanto não se produz uma educação de qualida­de e cidadã, com criminosos sendo os artífices destes proje­tos. A boa ética é fazer as coisas certas, quando estamos em lugares solitários, quando precisamos de placas de trânsito pedindo para respeitar as leis, e outras placas, fica evidente que estamos longe da cidadania.

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