Tribuna Ribeirão
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A Colômbia e sua literatura (8): Lucas Fernández de Piedrahita 

Rosemary Conceição dos Santos* 

 

De acordo com a Real Academia de História, na Espanha, Lucas Fernández de Piedrahita foi um padre e historiador colombiano que, desde muito jovem, demonstrou grande talento para a poesia e peças dramáticas. Estudante do seminário de San Bartolomé, obteve o doutorado na Universidade Tomista, antes da qual escreveu uma série de comédias que desapareceram. Ordenado sacerdote, ocupou diversos cargos: cônego, tesoureiro, mestre-escola e precentor, além de provisor e governador do arcebispado na sede vaga de Dom Torres. Nos anos seguintes a 1657 planejou, junto com o Padre Hernando Cavero, o reinício das missões jesuíticas na Audiência. Atuando no Conselho das Índias iniciou a escrita de sua obra Historia de la Conquista del Nuevo Reino de Granada, publicada em Antuérpia em 1688. Os dois primeiros livros tratam da história indígena, enquanto o terceiro começa com a fundação de Santa Marta, de Rodrigo de Bastidas. Com esta obra, ele pretendia demonstrar aos europeus a importância do território, “terceiro em grandeza e Majestade de todos os que existem nesta monarquia expandida”. 

Em um estilo de escrita mais moderno do que o de seus predecessores, Piedrahita forneceu uma narração cronológica de eventos, vinculada à geografia, aos recursos e à população da região e dando identidade histórica à sociedade de Nova Granada. Foi um dos primeiros escritores a descrever as características emergentes e distintivas da colombianidade. Por adição, o autor também teve grande influência na historiografia colonial em seu relato da diminuição da população indígena por meio do processo de mestiçagem. 

Em 1676 foi promovido ao bispado do Panamá, mas antes de sair de Santa Marta, a cidade foi surpreendida pelos ataques dos piratas Cos e Duncan, que saquearam casas e templos e prenderam o bispo. Piedrahíta foi maltratado para lhes dizer onde tinha a sua riqueza, porque não acreditavam que a humildade e a pobreza com que vivia eram verdadeiras e só conseguiram confiscar o anel de rubi que lhe deram quando foi consagrado bispo. Depois o levaram ao pirata Morgan, que o libertou e o levou à Terra Firme para assumir o comando de seu novo bispado, dando-lhe também um pontifício que anos antes havia roubado no Panamá.  

Após assumir o cargo, Dom Fernández de Piedrahíta trabalhou arduamente para reduzir os índios Darién, inclusive usando sua renda para dar-lhes presentes para atraí-los. Ele passou seus últimos anos pregando nos templos e nas ruas do Panamá. Em 1688, aos sessenta e quatro anos, faleceu sem ver sua obra impressa e foi sepultado no colégio jesuíta do Panamá, colocando em seu túmulo uma bela placa de bronze como lápide. 

Professora Universitária* 

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