Tribuna Ribeirão
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A Colômbia e sua literatura (7): Pedro Simón (1574 – 1628) 

Rosemary Conceição dos Santos* 

 

De acordo com especialistas, Pedro Simón (1574 – 1628) foi um religioso espanhol, um dos mais importantes cronistas da história de Nova Granada e o iniciador da lexicografia do espanhol americano. Nasceu na localidade de San Lorenzo de la Parrilla (Cuenca), em 1574 (outras fontes, agora descartadas, propunham a data de 1581), no seio de uma família de servos do Marquesado de Cañete. Os dados tratados pela investigação até à data da sua partida para o Novo Mundo (1604) são escassos: ingressou, muito jovem, na ordem seráfica, e completou o noviciado no convento de São Clemente (Cuenca), localizado na província franciscana de Cartagena, onde recebeu a ordenação sacerdotal. Na primavera de 1604 viajou, hospedando-se em Sanlúcar de Barrameda, para Cartagena das Índias, de onde foi para Bogotá, cidade onde trabalhou como leitor de Artes e Teologia no colégio que sua ordem possuía na capital cundinamarquesa. Anos depois, alcançou a cátedra. 

Simultaneamente ao trabalho pedagógico, ascendeu na hierarquia da sua congregação – guardião do convento de Santa Fé, visitador provincial, pregador e qualificador inquisitorial – até ser nomeado, em 1623, padre provincial. Consequente a isso,Simón saiu duas vezes da capital de Nova Granada: a primeira, em 1608, quando visitou as regiões andinas de Colima e Huila, em plena guerra de conquista; e a segunda, entre 1612 e 1613, altura em que visitou diferentes zonas do território, no âmbito do seu trabalho de recolha de dados para a composição das suas obras históricas. Nosso protagonista, terminados os três anos de provincial, foi enviado ao convento de San Diego de Ubaté, ao norte de Bogotá, onde a morte o surpreendeu, em data indefinida, mas contida entre 1626 e 1628. 

O trabalho de Simón como cronista foi muito notável e culminou – após suas viagens, leituras e uma revisão aprofundada dos materiais guardados nos arquivos de Cartagena – com a redação de suas Noticias historiales de las conquistas de tierra firme en las Indias Occidentales (Notícias Históricas das Conquistas do Continente nas Índias Ocidentais), considerada o texto mais relevante sobre os acontecimentos ocorridos durante a colonização da Tierra Firme, nome dado nos primeiros estágios do período do vice-reinado às atuais Colômbia e Venezuela. Desta obra, composta em três volumes e enviada à Espanha para publicação, apenas o primeiro viu a luz, centrado na história da Venezuela, no qual foi narrada detalhadamente a expedição de Lope de Aguirre (1511 ou 1515-1561). Nesse primeiro volume, seu autor incluiu uma “Tabela para a inteligência de algumas palavras desta história”, composta por 156 artigos, o primeiro exemplo da lexicografia americana. As vozes incluídas neste repertório, concebido como glossário da obra, já faziam parte do espanhol da região, apesar de provirem das línguas ameríndias. A extraordinariamente relevante obra filológica e lexicográfica do Padre Simón passou despercebida até recentemente, pois, embora no final do século XIX – graças à obra do intelectual colombiano Medardo Rivas (1825-1901) – a obra pudesse ser impressa na íntegra , A “Tabela” não foi incluída (algo que nenhuma das edições subsequentes fez, até finais do século XX); A virada desta situação ocorreu em 1980, quando a “Tabela” foi editada, de forma independente e com estudo prévio, pelo Instituto Caro y Cuervo de Bogotá. 

 

Professora Universitária* 

 

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