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A bênção: Deus te abençoe

Bênção vovós Naná e Nenê, bênção papai e mamãe, bênção padrinho “seu” Januário, bênção tios Arthur, Dudu, Caçula, Alda, Arnaldo, Bijou, Zézinho, Lali, Cazuza, Abdon, Leila, Haley, Hilda, Francisco, Paulo, Sarah, Zezé, Zaine, Pe­dro, Belém, Cido, Santuza, Joel.

Era assim que meu irmão, Pedro Arthur e eu, nos curvá­vamos um pouco, beijávamos a mão de avós, pais, padrinhos, tios, pedindo “bênção” e recebíamos um “Deus te abençoe”. Aliás, beijei as mãos de meus pais, enquanto vivos, todas as vezes que nos encontrávamos. Fossem quantas fossem.

Da mesma maneira, em relação aos religiosos da nossa fé cristã-católica: padre Laurentino em Monte Aprazível, onde fizemos a Primeira Comunhão. Outros muitos e o mais recente Dom Diógenes da Silva Matthes, pároco anti­go da Catedral de Ribeirão Preto e depois bispo de Franca; e cônego Arnaldo.

Era gostoso. Era honroso. A nenhum momento o gesto da curvatura e o beijar mãos representou alguma submissão. Era o retrato mais de um respeito. Havia certeza de que a bênção seria dada e era bem vinda. Acho que acreditávamos mesmo que as bênçãos tinham alguma força, faziam bem, mas havia a certeza de que, quando menos, se apresentavam com a cor de amizade protetora, com laços afetivos.

E assim se passaram os anos, vieram os filhos, os netos, os sobrinhos, os afilhados, mas não sobreveio o hábito de qual­quer um deles nos pedir a bênção. É bem possível que nós não tenhamos ensinado, nem nos preocupado com isso! Essa “culpa” temos que assumir.

De repente, chegando o Natal, reuniões, almoços, jantares, turmas grandes de filhos, nora, netos, sobrinhos, amigos, e veio essa lembrança de que – possivelmente – éramos mais chegados, mais Família, mais amigos. Talvez, talvez.

Apesar dos 81 anos de idade, mais que idoso, a convivên­cia obrigatória em um Escritório de Advocacia com, apro­ximadamente, 300 pessoas (advogados, estagiários, colabo­radores) sempre nos obrigou a reconhecer as alterações das formas de atender, de agir, de vestir, porque ainda uso terno mesmo (calça, paletó e colete) e até de peticionar inclusive, mas, sobretudo, representou uma interação com os tempos modernos e a renúncia a procedimentos de outras épocas.

Assim, filhos e netos de um lado, Colegas e a vida pro­fissional, tudo funcionou como uma ponte entre outros momentos, antigos e atuais. Inexorável! Era reconhecer e se atualizar ou ficar excluído de tudo e de todos.

Agora, nos últimos dois anos, até a gravata foi abolida. As reuniões, mesmo as mais formais, são representadas com o paletó e uma camisa social. Desabotoada na parte mais supe­rior. Como não mudo o modo de vestir acabo sendo primo entre pares! Possivelmente, por alguns, até olhado com algum tipo de desaprovação.

Quem sabe isso pare por aí! Que novas mudanças de hábi­tos muito arraigados demorem a ocorrer.

O que ficou, o que me tocou, certamente, foi a época: NATAL, lembranças e mais lembranças, e, as novas gerações não têm nada a ver com isso. São saudades, nem doces nem amargas, apenas saudades.

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