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A bela amazona e seu cavalo encantado

Aprendeu a cavalgar, ainda menina, na fazenda de seus pais, na Serra da Canastra. Cresceu junto aos cavalos, tornou-se sal­tadora de obstáculos, sempre presente nas primeiras colocações dos campeonatos.

Vieram a faculdade, o casamento, a maternidade, mas a bela amazona sempre achava um jeito de cavalgar seus companheiros. Influenciou os filhos no amor aos animais.

Com o tempo, passou a se dedicar ao adestramento, um balé que une a elegância da amazona com os passos coordenados do cavalo.

Numa tarde, num volteio, o cavalo sofreu uma torção em uma de suas pernas. Cuidado pelo veterinário, foi colocado em repou­so. Exercícios, só sem a sua montadora.

Com a aproximação de campeonato para a qual a bela amazo­na se preparara, outro cavalo foi adquirido. Muitos ensaios, exer­cícios, cuidados e o conjunto estava tão pronto para a exibição, que conquistou o Campeonato Brasileiro de Adestramento.

A bela amazona não se esquecia do velho companheiro, recuperado de sua entorse, mas sem condições para participar de novos torneios. Transferiu-o para haras em outra cidade.

Uma tarde, na tranquilidade de sua casa, recebeu notícia de que seu velho amigo estava passando mal. Inchado, inquieto, demonstrando grande dor, o cavalo foi retirado da baia e deitado num gramado.

De longe, a bela e chorosa amazona acompanhava a angústia do velho amigo até vir a notícia de que ele havia morrido, tarde da noite.

Logo que o sol surgiu, quando se providenciava a escavadeira para abrir a cova onde seria enterrado, grande surpresa para to­dos: o cavalo pastava, sereno e vivo, no gramado onde havia sido deixado. Alegria intensa. Correram para dar a boa notícia à dona, que, de início, nem quis acreditar no que ouvira.

Passado o espanto, a bela amazona decidiu trazer seu compa­nheiro para mais perto de si.
Percebeu que o cavalo renascia com outro ânimo, outra garra. Executava os passos e volteios do adestramento com perfeição, o que obrigava a bela amazona a se desdobrar nos treinamentos, pois agora precisava dividir seu tempo entre os dois animais.

Chegando a época do campeonato nacional, a bela amazona não tinha dúvidas sobre qual cavalo levar, pois o atual cam­peão estava mais preparado, mas o velho companheiro lhe dava grande segurança, apesar de não estar recuperado de todo. Levou os dois para o Rio de Janeiro, porém decidida a competir com o novo companheiro. O velho cavalo lhe daria sorte.

O campeonato exigia a apresentação em três dias seguidos, ganhando quem obtivesse a maior soma de pontos nas provas.

Na tarde do primeiro dia, a bela amazona e seu cavalo novo completavam elegantemente o circuito, quando uma lufada de vento inesperada derrubou um vaso de plantas, que decorava o percurso. O animal assustou e refugou e só a muito custo foi dominado, sendo excluído do certame.

Restava a ela cumprir tabela com seu velho e fiel amigo. Já con­formada de que dificilmente alcançaria colocação, a bela amazona entrou em campo nos dois dias seguintes. O conjunto foi perfeito, os passos maravilhosos, os volteios elegantes, um verdadeiro balé de um só conjunto: amazona e cavalo pareciam um só.

A performance foi tão boa, que a bela amazona somou pontos suficientes para conseguir o bicampeonato brasileiro de adestramento.

A partir de então, considerava seu cavalo um ente encantado, que lhe trouxera e ainda trará muitas vitórias.

A bicampeã brasileira é minha querida nora Mayara Maina Mello Guião, casada com meu caçula Rodrigo de Barros Cruz Guião e mãe de meus netos Rui Flávio Neto e Luma, a quem de­dico este escrito como homenagem a seu talento e desempenho.

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