O final do ano é um momento marcado por festas, celebrações e reflexões. As comemorações representam um rito de passagem com o encerramento de um ciclo e a expectativa de um novo ano que pode trazer tanto alegria quanto sentimentos de angústia e insatisfação para muitas pessoas. O fenômeno é chamado de “síndrome de final de ano” e está relacionado a uma série de fatores emocionais e práticos.
De acordo com a psicóloga Sandra Arca, um dos principais fatores que contribuem para esse sentimento é o acúmulo de compromissos. “Festas, compras, viagens e tarefas por finalizar fazem com que muitas pessoas se sintam sobrecarregadas, aumentando o estresse e a ansiedade. “Para lidar com isso, é importante definir prioridades, organizar os horários e compromissos e dividir responsabilidades com familiares ou amigos”, explica.
“Não se trata de um diagnóstico reconhecido. A denominação acontece pela frequência que esses sentimentos acometem as pessoas nesse período. É um momento de transição que carrega simbolismos e cobranças, tanto internas quanto externas”, afirma o psicólogo Carol Costa Júnior, da Hapvida NotreDame Intermédica.
Além da pressão prática, o período também convida à reflexão sobre o ano que passou. “Revisitar momentos ruins, planos não realizados e aspectos que precisam ser melhorados pode gerar culpa e frustração”, explica a professora. Nesse sentido, Sandra recomenda equilibrar a autocrítica com a autocompaixão, valorizando conquistas, esforços e o potencial de crescimento pessoal.
Outro ponto sensível são os encontros familiares, que podem ser prazerosos para algumas pessoas e tensos para outras. “Cada família tem sua própria história. Se existe alguma situação mal resolvida, procure conversar antes do encontro familiar. Não sendo possível, diante de um conflito procure manter o foco na celebração da data e colabore da sua forma com a harmonia do encontro”, destaca.
A saudade de pessoas ausentes é outro sentimento comum nessa época. “Essa saudade pode ser amenizada com homenagens, orações, revisão de fotos e celebrações que honrem a memória delas em nossas vidas”, sugere Sandra. A profissional completa que, para aqueles que estão distantes fisicamente, “chamadas de vídeo, longas conversas e planos de reencontro podem trazer conforto”, afirma a psicóloga.
A pressão social para que seja uma época festiva e feliz pode gerar frustração e angústia. A psicóloga enfatiza a importância de dar um significado pessoal ao final de ano, encontrando um propósito que torne esse período mais autêntico e significativo.
A psicóloga lembra ainda que caso os sentimentos de angústia persistam e prejudiquem hábitos como sono, alimentação e produtividade, é essencial buscar ajuda profissional. E sempre haverá uma orientação ou tratamento adequado para retomar uma vida mais saudável e plena. A ‘síndrome de final de ano’ é um lembrete de que, mesmo em tempos festivos, é necessário cuidar do bem-estar emocional e respeitar os próprios limites”, finaliza.
Costa Júnior conta a melhor forma de lidar com essas sensações. “A chave está em reconhecer esses sentimentos e buscar formas saudáveis de enfrentá-los. É normal se sentir ansioso, mas isso não deve impedi-lo de aproveitar as festividades. É importante redefinir prioridades, focar em atividades que tragam leveza e significado. Também é essencial reservar um tempo para cuidar de si, praticar hobbies ou até mesmo descansar para recarregar as energias”, indica.
Para o ano seguinte, planejar metas alcançáveis e significativas pode ser de grande ajuda, trabalhar na empatia consigo mesmo e na diminuição da autocobrança. “Nem sempre conseguiremos atender às demandas externas ou realizar tudo que planejamos no início do ano, e isso é normal. O foco deve estar nas conquistas, por menores que pareçam, e no aprendizado adquirido ao longo do caminho. Priorizar objetivos que tragam bem-estar e realização pessoal. Não se trata apenas de trabalho ou grandes conquistas, mas de encontrar momentos de felicidade nas coisas mais simples e cotidianas”, conclui o psicólogo.