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A Amazônia não é o pulmão do mundo

A televisão é um extraordinário veículo de comunicação em massa. Dá oportunidade para que conhecimentos sejam democratizados, já que o País tem televisores espalhados por todo seu território. Por essa razão as concessões, que são governamentais, e a fiscalização do cumprimento dos com­promissos com a educação da população deveriam ser muito rigorosas. Muito longe disso, o que se vê é preocupante, a partir da qualidade dos programas até propagandas absoluta­mente mentirosas.

Há um verdadeiro escárnio quando as emissoras abrem espaços para que a divulgação de medicamentos terminem com uma frase falando dos riscos e que, se a droga divulgada não funcionar, um médico deve ser procurado. Esta parte é obrigatória por determinação do Ministério da Saúde, mas é feita de maneira tão rápida que se torna incompreensível e dá bem a medida da importância que os divulgadores dão à saúde da população.

Mentiras deslavadas são divulgadas como fatos incontes­táveis e conhecimentos que deveriam ser aprendidos corre­tamente nas escolas são distorcidos e apresentados de forma absolutamente equivocada, com ou sem segundas intenções. Essas minhas reflexões vem a propósito das repetidas afir­mações de comentaristas e locutores de televisão, nos jogos realizados em Manaus ou em Belém, de que a Amazônia é o pulmão do mundo. Teria função fundamental em lançar oxigênio para o ar atmosférico.

Ocorre que isto não é verdade e milhões de brasileiros es­tão aprendendo errado. A Amazônia, que é brasileira em sua maior parte, funciona, graças a sua floresta pluvial tropical, como um verdadeiro sistema de alta transpiração e umedeci­mento do ar. Nesse aspecto ela é insubstituível. Dizer que ela é o “condicionador de ar do mundo” seria mais próximo da verdade. Os pulmões trocam oxigênio por gás carbônico.

A grande vegetação amazônica produz realmente bastante oxigênio, durante o dia, por ação da fotossíntese, mas con­some muito para o crescimento das árvores e, em termos de volume de oxigênio produzido, fica muito longe do conjun­to de algas marinhas, estas sim as grandes fornecedoras de oxigênio para a atmosfera. Os apresentadores de televisão não tem obrigação de saber tudo, mas as pessoas que produ­zem os programas deveriam estudar mais profundamente os assuntos que serão apresentados, principalmente quando irão ser vistos e ouvidos por milhões de pessoas, como ocorreu na Copa do Mundo.

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