Tribuna Ribeirão
Política

Fachin inclui depoimento de Funaro em investigação sobre Temer

A Procuradoria-Geral da Re­pública (PGR) abriu nova frente de investigação no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura supostos repasses da Odebrecht para o grupo do MDB liderado pelo presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padi­lha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidên­cia). A pedido da procuradora­-geral Raquel Dodge, o ministro relator, Edson Fachin, em despa­cho sigiloso no dia 13, autorizou a inclusão de todos os anexos e documentos relacionados ao ter­mo de depoimento número 5 da colaboração premiada do doleiro Lúcio Funaro, em que o delator acusa Temer de ter sido destina­tário de propina da Odebrecht.

A solicitação de Dodge foi assinada no dia 19 de fevereiro e chegou ao tribunal junto com o pedido de inclusão de Temer como investigado no inquérito. Fachin autorizou que Temer figu­rasse formalmente como alvo do inquérito mesmo reconhecendo a impossibilidade de ele, exercen­do o posto de presidente da Re­pública, ser denunciado por fatos anteriores ao exercício. A inclusão de Temer como investigado cau­sou indignação no Planalto e mo­tivou, inclusive, a redação de uma carta do próprio Temer à procu­radora-geral Raquel Dodge.

No termo de depoimento agora juntado ao inquérito, Lú­cio Funaro descreve sua relação com o presidente Michel Temer e afirma que o atual presidente da República, quando era vice, dividiu propina da Odebrecht com o ex-deputado federal Ge­ddel Cunha Lima (MDB-BA), ex-homem forte do governo Temer. O delator afirmou ter buscado R$ 1 milhão em espé­cie, supostamente pagos pela empreiteira, no escritório do advogado José Yunes, amigo de Temer. Relatou também ter mandado a quantia para Ged­del, na Bahia.

Segundo Funaro, dirigentes da Odebrecht usaram o doleiro Álvaro Novis para fazer com que os valores destinados a Temer chegassem a Yunes. O delator contou que, na ocasião, recebeu um telefonema de Geddel pedin­do que retirasse R$ 1 milhão com José Yunes, a ser entregue em Sal­vador. Geddel lhe teria dito que esse dinheiro era referente a uma doação via caixa 2 da Odebrecht, acertada juntamente com Eliseu Padilha e Michel Temer.

Ao narrar o recebimento do R$ 1 milhão, Funaro disse que se dirigiu ao escritório de Yunes, no Itaim Bibi, em São Paulo, e que no local, após uma conversa com o advogado amigo de Temer, na qual teriam trocado cartões, uma caixa com a quantia acertada teria sido repassada pela secretária e o motorista de Yunes.

Funaro, então, disse que re­tornou com os valores até o seu escritório e pediu para que um funcionário fosse até a Bahia levar a encomenda para Geddel. “O di­nheiro foi entregue em Salvador por um funcionário de logística de transporte de valores do dolei­ro Tony, o qual retirou os valores em São Paulo e, no dia seguinte, fez a entrega na sede do PMDB da Bahia”, registra um dos anexos de Lúcio Funaro.

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