O presidente Michel Temer confirmou nesta sexta-feira, 16 de março, que o governo estuda dar um novo reajuste para o programa Bolsa Família. Discursando em Caraguatatuba (SP), para entrega de títulos de regularização fundiária, o presidente destacou que seu governo concedeu anteriormente reajuste de 12,5% no benefício e agora encomendou estudos para um novo aumento.
“Tendência dos governos é destruir o que o governo anterior fez, um governo responsável não faz isso”, disse Temer, ao destacar que manteve o Bolsa Família, programa fundado pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Nós aumentamos, logo no começo, o programa em 12,5% e agora já mandei fazer estudos para ver se faço um novo aumento”, informou.
Na quinta-feira (15), o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, afirmou que um reajuste do Bolsa Família deve ser anunciado ainda este mês e pode ser aplicado com um valor acima da inflação. O presidente repetiu que o ideal é que em 20 anos o programa não seja mais necessário, mas que no momento é preciso mantê-lo. Ele voltou a falar do programa “Progredir”, lançado para dar empregos a filhos de beneficiários.
Em seu discurso, o presidente destacou a queda dos juros e da inflação durante seu governo, afirmando que as medidas valorizam o salário e baixam os preços, e reafirmou a previsão de um crescimento “de mais de 3,5%” no PIB deste ano. Ele também projetou a criação de mais de dois milhões de postos de trabalho em 2018. Temer rebateu o discurso de oposição que diz ser ele o responsável pelo pico de 14 milhões de desempregados no Brasil.
Para o presidente, a confiança no Brasil está se restabelecendo e é preciso devolver o otimismo aos brasileiros. “Eu reconheço que de uns tempos para cá teve início um certo pessimismo, uma certa divisão, uma certa preocupação que abala psicologicamente as pessoas”, comentou. Temer chegou a cometer um deslize em seu discurso, quando afirmou que o objetivo do seu governo era “melhorar a qualidade vida dos estrangeiros”, mas se corrigiu antes de terminar a palavra para “dos brasileiros e dos estrangeiros que moram no País”.
Osmar Terra afirmou que o Bolsa Família não reduziu a pobreza nem a desigualdade no País. “A existência dos programas de transferência de renda não foi suficiente para reduzir a pobreza, só a pobreza extrema, mas não reduziu o número de pobres. A pobreza no Brasil continua intacta. Não reduziu a desigualdade no Brasil nesses 14 anos de Bolsa Família”, afirmou.
Ele participou junto com Temer de um evento sobre microcrédito para beneficiários de programas sociais. Terra disse que o governo está estudando um reajuste acima da inflação, que pode até ser “um pouco mais” de 5% para compensar o aumento do preço do gás de cozinha. Em 2017, a inflação oficial fechou em 2,95%. Segundo ele, o aumento deve vigorar a partir do final de abril ou em maio.
No mês passado, Temer pediu a Terra e ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, estudos que permitam redução no preço do gás de cozinha para beneficiar famílias de baixa renda. De acordo com dados do IBGE, o gás de botijão pesa 1,32% no orçamento das famílias, no acompanhamento do índice oficial de inflação (IPCA), que considera família com renda de até 40 salários mínimos e abrange dez regiões metropolitanas do País. O peso do gás encanado no orçamento familiar é bem menor: 0,07%.
De 2003 a agosto de 2015, o preço por botijão cobrado pela Petrobras das distribuidoras ficou congelado em cerca de R$ 11,50. Até 2016, permaneceu num patamar de R$ 13. O preço cobrado do consumidor final, porém, era bem mais alto. O histórico dos reajustes mostra que, entre 2003 e 2016, o preço final do gás cobrado pelas revendedoras acumulou reajuste médio de 89%, saltando de R$ 29,35 para R$ 55,60 o botijão. Nesse mesmo período, o aumento realizado pela estatal foi de apenas 16,4%.