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Governo desiste de levar Saúde para Lar

A prefeitura de Ribeirão Pre­to desistiu de transferir a sede da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), que hoje funciona em um prédio alugado na rua Prudente de Moraes, no Centro, para as instalações do desativado Lar Santana, na Vila Tibério, Zona Oeste, como havia divulgado ano passado. A mudança esta­va prevista para evitar despesas com aluguel, que no caso da pas­ta chega a R$ 36,6 mil por mês. No entanto, quem vai ocupar o local será a Secretaria Municipal da Educação.

Nesta segunda-feira, 12 de março, a secretaria anunciou que o histórico prédio onde por dé­cadas funcionou um orfanato será ocupado pela Comissão de Acompanhamento em Avalia­ção e Formação Docente (Caaf), que tem como principal objetivo estruturar e acompanhar, em arti­culação com as unidades escolares, as políticas de formação continua­da de docentes, a avaliação e o acompanhamento pedagógico e curricular da rede municipal de ensino. Hoje o Caaf funciona na Casa da Ciência, dentro do Bos­que e Zoológico Municipal Dou­tor Fábio de Sá Barreto

Além do Caaf, a prefeitura analisa também a possibilidade de transferir para o Lar Santana o Centro de Formação dos Servi­dores e a área de manutenção da Secretaria da Saúde. A reivindica­ção principal dos moradores da Vila Tibério, revelada por meio de uma enquete ano passado, a de implantação de uma creche no local, segue sem ser atendida pela administração municipal.

Lar Santana – Localizado na rua Conselheiro Dantas nº 85, o prédio inaugurado em 21 de março de 1931 ocupa um terre­no de 7,8 mil metros quadrados. Inicialmente a Congregação das Irmãs Franciscanas da Imacu­lada Conceição, que chegou em Ribeirão Preto em 1926, abriram um colégio. O Colégio Santana ganhou seu prédio próprio em 1931 e em 1948 ele foi transfor­mado em orfanato.

Em 2015 a congregação optou pelo fechamento, já que o prédio de mais de 70 anos exigia um elevado investimento para a renovação do alvará do Corpo de Bombeiros. No mesmo ano o prédio foi tom­bado pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) e em 2016 a Câma­ra aprovou a permuta do imóvel com dois terrenos municipais de valor de mercado equivalente (cer­ca de R$ 6 milhões).

O Lar Santana tem grande valor histórico por sua importân­cia para a Vila Tibério e também por ter ocorrido lá a única prisão de uma religiosa feita pelo regime militar – em 1969 a ditadura pren­deu a madre Maurina Borges da Silveira, depois torturada e vítima de assédio sexual na delegacia sec­cional de Polícia. Seus torturadores foram inclusive excomungados pela Igreja Católica. Libertada, banida do país e asilada no Mé­xico, madre Maurina retornou ao Brasil e faleceu em 2011.

Madre Maurina – Madre Maurina Borges da Silveira, a frei­ra presa, acusada de subversão, torturada e banida do país duran­te a ditadura militar, morreu em março de 2011, em Araraquara, onde vivia num convento de sua comunidade, a Congregação das Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição. A freira tinha 84 anos e sofria do Mal de Alzheimer.
A história de Madre Maurina marcou a luta da Igreja Católica em defesa dos direitos humanos, nos “anos de chumbo” do regi­me militar. Acusada de acober­tar militantes da Frente Armada de Libertação Nacional (FALN), que se reuniam e imprimiam material subversivo no porão do Lar Santana, madre Maurina foi presa e torturada.

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