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OPERAÇÃO SEVANDIJA – Roubo de gado teria sido forjado

O roubo de mais de 20 ca­beças de gado leiteiro retirado indevidamente da fazenda de Maria Zuely Alves Libran­di, em Cajuru, pode ter sido forjado. O Grupo de Atua­ção Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) diz que vai denunciar a ex­-advogada do Sindicato dos Servidores Municipais de Ri­beirão Preto (SSM/RP), presa em Tremembé por causa da Operação Sevandija e acusada de fazer parte de um esquema de corrupção que teria desvia­do R$ 45 milhões de uma ação vendida pelo funcionalismo público referente às perdas do Plano Collor, na década de 1990 (28,35%).

O lote, avaliado em R$ 115 mil, foi recuperado na semana passada em um sítio em Ca­juru. Segundo nota divulgada pelos promotores, em dezem­bro de 2016, o juiz da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, Lúcio Alberto Enéas Ferreira da Silva, responsável pela ação penal dos honorários advoca­tícios, determinou o bloqueio do imóvel, além da apreensão e a proibição de venda de 182 re­ses adultas e 29 bezerros, assim como o maquinário agrícola.

Uma denúncia anônima revelou que uma pessoa esta­va vendendo o gado, e 20 reses foram encontradas no sítio. O local não tinha espaço nem es­trutura de manejo compatíveis com os cuidados exigidos pela raça e tipo de gado. O órgão do Ministério Público Estadual (MPE) defende que, em janei­ro, a ré teria forjado, por meio de relatos de seu filho, um rou­bo de 30 cabeças de gado ava­liadas em R$ 300 mil para des­viá-los da fazenda bloqueada.

O boletim de ocorrência do roubo foi registrado por Leandro Librandi, filho de Maria Zuely, na delegacia de Cravinhos, onde Eduardo Librandi, outro filho da advogada, trabalha como de­legado – o autor diz que se sen­tiu ameaçado em ir a Cajuru. Já Eduardo Librandi será alvo de uma investigação por parte da Corregedoria da Polícia Civil.

Maria Zuely é acusada de, ao lado de Dárcy Vera (sem partido), dos advogados San­dro Rovani e André Hentz, do ex-secretário da Adminis­tração, Marco Antônio dos Santos, e do ex-presidente do SSM/RP, Wagner Rodrigues, de fraudar a ata de uma assem­bleia dos servidores para re­ceber os honorários advocatí­cios da ação ajuizada do Plano Collor. Em delação premiada, o sindicalista disse que a ad­vogada pagou propina de R$ 7 milhões a ex-prefeita. Afora, o delator, todos os demais réus negam a prática de crimes.

Para os investigadores, a fazenda de 98 hectares em Cajuru, avaliada em R$ 1,7 milhão, pode ter sido utiliza­da com parte desse montan­te. Além da fazenda, a Justiça mandou bloquear 30 joias de ouro pertencentes à advoga­da. O roubo do gado foi re­latado em 16 de janeiro por Leandro Librandi, fiel depo­sitário da propriedade rural perante a Justiça.

A partir de então, promoto­res do MPE e agentes da Polícia Federal começaram a investigar o caso e levantaram indícios de que a ação teria sido orquestrada para a obtenção de dinheiro com a venda das cabeças de gado. Em 22 de fevereiro, o Gaeco confir­mou ter recuperado 20 cabeças de gado leiteiro da raça holande­sa pertencentes à fazenda. Os animais, segundo o Ministé­rio Público, seriam vendidos indevidamente e estavam em um sítio próximo à área urba­na, em um local sem estrutu­ra para manejo adequado.

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