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MP investiga morte de andarilho

O promotor da Cidadania, Sebastião Sérgio da Silveira, instaurou inquérito civil nes­ta quinta-feira, 1º de março, para investigar as circunstân­cias da morte do andarilho Juliano Machado, de 40 anos, no final da manhã de quarta­-feira, 28 de fevereiro, na Unidade Básica Saúde (UBS) Wilma Delphina Oliveira G. Rott, na Vila Tibério, Zona Oeste de Ribeirão Preto.

O representante do Ministério Público Estadual (MPE) também deu 15 dias de prazo para que o secretário municipal da Saúde, Sandro Scarpelini, forneça infor­mações sobre o atendimento pres­tado ao morador de rua. Além disso, Silveira pede à Promotoria Criminal que investigue o caso como homicídio culposo – quan­do não há a intenção de matar – e omissão de socorro.

Além disso, a Câmara de Ribeirão Preto aprovou requeri­mento do vereador Lincoln Fer­nandes (PDT) convocando Scar­pelini a comparecer em plenário para explicar a suposta falta de médico na UBS da Vila Tibério e em outras unidades da rede, além da denúncia de negligência que pesa contra os servidores do posto onde Juliano Machado morreu. Agora, a Mesa Diretora vai con­vocar sessão extraordinária para ouvir o secretário.

O advogado Fábio Cleto, da Comissão de Direitos Humanos da 12ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Ri­beirão), diz que o poder público não pode negar atendimento ao cidadão. O Conselho Regio­nal de Saúde do Estado de São Paulo (Cremesp) diz que a rede municipal tem déficit de profis­sionais – em 2008 a cidade tinha 603 médicos para cerca de 558,1 mil habitantes, e hoje são 502 para 682,3 mil moradores.

Após a morte do andarilho, outra denúncia surgiu nesta quinta-feira. Luiz Bezerra da Sil­va morreu após ter um ataque do coração na avenida Pedreira de Freitas, na Zona Oeste. Testemu­nhas dizem que o atendimento demorou. O Corpo de Bombei­ros afirma que recebeu o pedido de socorro às 10h29 e a viatura do Resgate 193 chegou ao local cinco minutos depois. O Serviço de Atendimento Móvel de Ur­gência (Samu) garante que a uni­dade do 192 chegou 13 minutos após a primeira chamada – foram seis, segundo um mototaxista.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) também investiga as circunstâncias da morte do andarilho Juliano Machado. Ele teve uma parada cardiorrespira­tória na UBS da Vila Tibério, cer­ca de 24 horas depois de ter sido levado ao posto por um morador do bairro, onde teve convulsões. Não havia médico no local para atendê-lo. Em nota enviada à redação do Tribuna, a Secretaria Municipal da Saúde informa que irá fazer uma investigação sobre o ocorrido para levantar todas as informações e confirmou a au­sência de médico.

“Caso haja indícios de alguma falha no atendimento ao paciente, abrirá uma sindicância para apu­rar possíveis responsabilidades”, diz. “O falecimento do paciente Juliano Machado ocorreu às onze horas na UBS Vila Tibério. A cau­sa da morte foi parada cardior­respiratória, cujos motivos serão investigados pelo Serviço de Veri­ficação de Óbitos (SVO).” A pasta diz que antes das convulsões, o homem já havia sido atendido às dez horas de terça-feira (27), com crise hipertensiva, e permaneceu em observação no local até as 14 horas, quando tirou por conta pró­pria o soro endovenoso, porque queria ir embora.

Por volta das seis da tarde, segundo a prefeitura, ele voltou a passar mal em frente ao posto e, novamente, não havia médico para atendê-lo, mas foi exami­nado por uma equipe e leva­do à Unidade Básica Distrital de Saúde (UBDS) Central às 18h35. Nesta quarta-feira, Ma­chado voltou a procurar a UBS da Vila Tibério por volta das nove horas e foi atendido, infor­ma a administração.

A SMS enviou mais uma nota ao Tribuna nesta quinta­-feira. “A respeito do falecimento de Juliano Machado, a Secretaria Municipal da Saúde informa que continua levantando todas as informações necessárias sobre o caso e as condições em que ele ocorreu. Qualquer manifestação ou opinião sobre o assunto po­deria levar a injustiça com servi­dores e com o próprio paciente. Por isso a necessidade de conhe­cimento de todo o ocorrido”, diz.

A pasta “esclarece, ainda, que o paciente foi atendido tanto na UBS quanto na UBDS Central, em to­das as ocasiões em que procurou atendimento. E que a morte se deu por parada cardiorrespiratória, cujo(s) motivo(s) ainda está(ão) em investigação.”

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