Tribuna Ribeirão
Esportes

Botafogo S/A passou por processo de adequação

Se aprovada pelo Conse­lho Deliberativo, na próxima segunda-feira (5), às 19h30, em reunião extraordinária, e pela assembléia-geral, em data a ser definida, a proposta de o fute­bol do Botafogo se transformar em sociedade anônima deverá ocorrer três meses depois. Essa previsão foi feita nesta quarta­-feira (28) pelo ex-presidente do clube (1982/1983), o médico Mi­guel Mauad. Ao lado dos ex-pre­sidentes Luiz Pereira, Rogério Barizza e de Gerson Engrácia, o atual, eles projetaram a nova modalidade de gestão do clube para salvaguardar as finanças do departamento e de se livrar dos constantes déficits. “É importan­te destacar que o patrimônio do clube não entrará neste processo e que o Botafogo será majoritá­rio na sociedade”, alerta Maud.

A opção pela sociedade anô­nima é a consequência de um projeto que teve início com o in­gresso no ProFut – a lei que tem como principal objetivo ajudar os clubes a quitar suas enormes dívi­das com a União. Os clubes que aderiram ao programa do gover­no federal puderam refinanciar suas dívidas em um prazo de 20 anos (240 parcelas). Além do lon­go tempo, o Programa reduziu 70% das multas e 40% dos juros. “O Botafogo tinha um passivo de quase 20 milhões de reais, que foi reduzido para 12 milhões com a adesão e esse valor foi parcelado no Refis, com um aporte de 5% do valor global -R$ 600 mil-,” re­lata o ex-presidente.

Esses R$ 600 mil foram pa­gos em duas parcelas de R$ 300 mil, em novembro e dezembro do ano passado. Além de zerar a dívida do clube de mais de R$ 50 milhões, o extinto Banco Axial, hoje Axial Holding, pagou uma das parcelas e vai estampar mar­cas de produtos no uniforme do Botafogo No Brasileiro da Série C. “Hoje pagamos parcelas men­sais de R$ 37 mil e estamos em dia com a Previdência e com a Receita Federal”, afirma.

Outro passo foi a adesão ao Ato Trabalhista, que centraliza todas as dívidas trabalhistas em processos de execução em uma única vara judicial e passa a pagá-las de forma parcelada. O Botafogo tem contra si cerca de 140 reclamações trabalhistas, sendo que quatro das maiores (R$ 80 mil cada) deverão ser pagas durante o Campeonato Paulista deste ano. As demais serão divididas de acordo com o que estabelece o Ato.

Não revela – Maud foi o res­ponsável por toda essa articula­ção de renegociação de dívidas, o que fez com que as portas se abrissem para uma nova propos­ta de gestão, tocada agora pelos três ex-presidentes e por Gerson Engrácia. O Botafogo foi avalia­do por uma empresa de consul­toria internacional especializada em clubes de futebol – exceto patrimônio físico. A empresa já apresentou seu relatório, po­rém esse valor é guardado a sete chaves. Os critérios de avaliação envolvem o nome da agremia­ção, em quanto ele pode agregar valores, há quantos anos está em atividades, a posição de sua mar­ca no cenário do futebol etc.

Diante disso, o quarteto fez a opção de transformar o futebol em sociedade anô­nima, o que também já está sendo planejado por outros clubes, como o São Paulo, por exemplo. Na segunda-feira, eles terão a oportunidade de apresentar um memorando ao Conselho Deliberativo para a apreciação e aval de seus membros. A assembleia-geral será o próximo passo.

Já se sabe que um grupo de in­vestidores está formalizando uma empresa para fazer parte na socie­dade, porém esse nome também vem sendo mantido em sigilo, ao menos até segunda-feira, dia da reunião com os conselheiros, quando a proposta será apresen­tada em detalhes.

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