Por Marcius Azevedo
O medo do futuro fez Tiago Splitter encerrar sua carreira de maneira de prematura aos 33 anos. O agora ex-jogador explicou ao Estado que não queria pagar o preço, talvez alto, de passar por outra cirurgia no quadril, agora do lado esquerdo, continuar jogando basquete, e se arrepender mais pra frente.
“Coloquei tudo na balança. Sabia que não jogaria mais como antes Também não era apenas passar por outra cirurgia. Eu tinha de pensar no meu futuro. Quero estar andando quando estiver com 50, 60 anos… Não quero estar em uma cadeira de rodas. Pensei no que era melhor para o meu futuro, para minha saúde”, afirmou Splitter.
A decisão não foi tomada de uma hora para outra. O processo, segundo ele, começou depois de ficar fora dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, por causa do primeiro problema no quadril. “A gravidade da lesão ficou clara para mim naquele momento”, comentou.
Splitter ainda voltou ao basquete em março de 2017 após colocar uma prótese no quadril do lado direito e até se sentiu bem. O problema ficou insustentável ao voltar aos treinos pelo Philadelphia 76ers na temporada seguinte da NBA. “A dor voltou. Fui ao médico novamente, conversei com especialistas e fiquei sabendo que teria de operar o outro lado.”
O medo de não conseguir andar foi decisivo para se aposentar. “Não foi discutido, nenhum médico me disse claramente (que corria o risco de não andar), mas o que sei é que preciso já realizar outro procedimento no mesmo lado direito, porque toda prótese tem prazo de validade. Pode ser 15, 20 anos, dependendo do peso e do você faz. É óbvio que tenho de pensar nisso. Tirei todo o suco que podia dessa laranja”, afirmou.
“Mas estou tranquilo. Muitos atletas passam por isso. Não estou com dor, o que é mais importante, e preparado para enfrentar uma nova etapa.”
O ex-pivô não tirou sequer um tempo para digerir sua decisão. Nesta segunda-feira já estava em Boston para um curso de business. Splitter quer continuar no basquete. Só não escolheu ainda o caminho. “Gostaria de dizer de que está claro, mas não está. Gosto muito de estar na quadra, gosto de competir, mas tenho um lado de estratégia, de fazer contratações. A ideia não muda muito, o que difere é o trabalho diário.”
O técnico Gregg Popovich, que o comandou no San Antonio Spurs, quando foi campeão da NBA, abriu as portas para o brasileiro. “Não tive uma oferta de trabalho, fui convidado para fazer um estágio com o Pop. São coisas diferentes. Claro que gostaria de estar lá, seja como técnico, auxiliar ou diretor.”
Splitter só lamenta não ter conquistado uma medalha olímpica ou mundial pela seleção. “Fique devendo isso, mas fui muito feliz pela carreira que tive. Ganhei mais do que perdi. Sempre competi no mais alto nível e tenho orgulho de sempre ter deixado tudo em quadra.”