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Conselho de Ética instaura processos

O Conselho de Ética da Câ­mara de Ribeirão Preto abriu dois processos de investigação com base em denúncias proto­coladas no Legislativo contra os vereadores Isaac Antunes e Adauto Honorato, o “Marmita”, ambos do Partido da República. A decisão foi anunciada no final da tarde desta quinta-feira, 8 de fevereiro, pelo presidente da co­missão, Otoniel Lima (PRB).

A denúncia contra Antu­nes foi feita pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), que também investiga a prática de captação ilegal de votos na eleição de 2016. Já “Marmita” é alvo do Ministério Público Estadual, que apura se ele é o organizador e patrocinador de bailes funk – os chamados “pancadões” – no Parque Ri­beirão Preto, na Zona Oeste.

Isaac Antunes também é investigado pela Polícia Fede­ral, enquanto “Marmita” é alvo de inquérito da Polícia Civil. Segundo Otoniel Lima, Mari­nho Sampaio (MDB) será o re­lator do processo contra Antu­nes e André Trindade (DEM) vai emitir parecer sobre a con­duta de “Marmita”.

Depois de ouvir todas as testemunhas e os vereadores, e de analisar a defesa dos dois republicanos, Sampaio e Trin­dade terão mais 60 dias para apresentar os relatórios. Ou­tros vereadores da atual legis­latura (2017-2020) já passaram por esse procedimento, como Waldyr Villela (PSD, afastado pela Justiça) e Renato Zucoloto (PP, leia nesta página).

Outros parlamentares cita­dos em planilhas e cédulas de real pelo empresário Marcelo Plastino – dono da Atmosphera Construções e Empreendimen­tos, alvo da Operação Sevandija que cometeu suicídio em no­vembro de 2016 – também pres­taram esclarecimentos por es­crito ao Conselho de Ética, mas não foram instaurados processo.

Na Câmara Municipal pelo Ministério Público – contra os vereadores Adauto Marmi­ta e Isaac Antunes, ambos do PR (Partido da República). O primeiro é acusado de envol­vimento com a organização de bailes funk (os chamados “pan­cadões”) realizados no Parque Ribeirão, base eleitoral de Mar­mita, nas vésperas do Natal e do réveillon. Os bailes haviam sido proibidos pela Polícia Militar, mas mesmo assim aconteceram e terminaram com confronto entre populares e a PM. Já

Isaac Antunes é acusado de envolvimento com os advoga­dos e representantes de associa­ções suspeitos de montar um es­quema de fraudes judiciais que teria dado prejuízo de R$ 100 milhões a empresas e institui­ções. Oito pessoas estão presas e dez foram denunciadas pelo MPE no âmbito da Operação Têmis. Mais de 53,3 mil ações foram suspensas.

Antunes, que nesta quinta­-feira prestou depoimento na Polícia Federal e voltou a negar qualquer vínculo com o escritório de advocacia sus­peito ou com os quatro sócios da empresa, é investigado por ter cooptado supostas vítimas por meio do projeto “Muda Ribeirão”, que prometia limpar o nome das pessoas com restri­ções de crédito.

Segundo o promotor Arol­do Costa Filho, a lista foi parar nas mãos dos advogados, que impetraram ações de indeni­zação no caso dos nomes sujos e também para reembolso das perdas de planos econômicos das décadas de 1980 e 1990 – Bresser, verão e Collor. O MPE diz que as pessoas assinaram procurações sem saber.

Costa Filho garante ter pro­vas materiais e testemunhais. Antunes diz que não conhece nenhum dos envolvidos e ja­mais trabalhou ao lado de qual­quer um deles. Ele registrou um boletim de ocorrência (BO) por extorsão contra um homem que testemunhou na ação penal.
“Marmita” é acusado de organizar promover os “panca­dões” do Natal e Réveillon no Parque Ribeirão preto, seu re­duto eleitoral, sem autorização para fechar ruas da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano (Transerp). A Polícia Militar es­teve no local, recolheu geladeiras com bebidas, desmontou o palco e dispersou a multidão, que vol­tou em seguida. Houve confron­to com os PMs, viaturas apedre­jadas, apreensão de drogas e de motos furtadas

Adauto “Marmita” diz que esteve no local da festa porque foi chamado por moradores da região. Ele nega ser o orga­nizador e promotor dos even­tos. Além de Lima, Sampaio e Trindade, o Conselho de Ética é formado também por Maurício Vila Abranches (PTB) e Jorge Parada (PT). A reunião de on­tem foi a primeira do ano, quan­do os vereadores receberam as representações encaminhadas pelo presidente da Câmara, Igor Oliveira (MDB).

Na escolha do relator, o nome de Maurício Vila Abran­ches foi descartado, pois o Re­gimento Interno (RI) proíbe um conselheiro de relatar pro­cessos envolvendo vereador do mesmo partido ou bloco parla­mentar –o PTB está no mesmo bloco de PR e PDT.

Assim, restaram três nomes – Parada, Sampaio e Trindade. Segundo Otoniel Lima, foi reali­zado sorteio e coube a Marinho Sampaio a relatoria do processo contra Isaac Antunes. André Trindade vai relatar o processo envolvendo Adauto “Marmita”

“O conselho vai apurar tudo e dará amplo direito de defesa aos acusados”, explica Otoniel Lima. Os casos podem ser ar­quivados ou resultar em pu­nições que vão desde adver­tência, suspensão temporária do mandato à cassação. Nesse caso, a decisão tem de ser to­mada pelo plenário – todos os 27 vereadores vão votar. No ano passado, os processos de Villela e Zucoloto foram arquivados.

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