As vendas no varejo ribeirão-pretano caíram 1,13% no acumulado do ano passado, segundo pesquisa realizada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região (Sincovarp). O índice foi melhor do que os de 2016 (queda de 2,73%) e 2015 (recuo de 3,78%) e pior que a retração de 0,46% de 2014. O último balanço anual positivo do setor foi constatado em 2013, com crescimento de 1,23%.
Em dezembro, os negócios cresceram 0,38% na comparação com o período anterior, quando a variação foi de 0,23%. O Natal ajudou a interromper uma sequência de três meses seguidos de queda, aponta a pesquisa Movimento do Comércio. O pior resultado do ano foi registrado em outubro – nem o Dia das Crianças conseguiu segurar os negócios do setor –, com recuo de 2,84%, apesar de o Sincovarp tem informado ontem que o resultado foi de -2,68% com ajustes.
Em novembro a queda foi de 1,21% e, em setembro, as vendas recuaram 0,63%, depois de registrar crescimento de 1,13% em agosto e de 0,08% em julho. O sinicato já havia registrado queda de 1,58% em junho, 1,56% em maio, 1,78% em abril, 0,87% em março, 2,47% em fevereiro e 1,97% em janeiro.
O comércio de Ribeirão Preto iniciou 2017 da mesma maneira que em 2016, com sucessivas quedas nas vendas no comparativo mensal.
Já no segundo semestre, em três meses, os números ficaram positivos, porém isso não foi suficiente para reverter o resultado negativo do ano. “O melhor resultado registrado no ano passado foi em agosto, com aumento médio de 1,13%. O pior foi observado em outubro, com queda de -2,68%”, explica Marcelo Bosi Rodrigues, economista responsável pelo estudo.
Setorial – Em relação aos setores, nem todos fecharam o ano em queda. É o caso de vestuário, que contou com o melhor resultado de 2017, com aumento médio de 2,07% em relação a 2016, e calçados (1,22%). As baixas foram lideradas por livraria/papelaria (-4,15%), cine/foto (-3,40%), presentes (-2,42%), ótica (-1,43%), móveis (-1,37%), tecidos/enxoval (-0,45%) e eletrodomésticos (-0,20%).
Segundo Rodrigues, é importante observar que os dois segmentos que tiveram resultados positivos são os mais representativos do comércio. “Eles detêm o maior número de estabelecimentos, esse fato contribuiu para que a média geral não fosse mais acentuada. Outro setor que chama a atenção é o de Eletrodomésticos. Foi identificada uma boa recuperação no final do ano, ficando muito próximo do positivo e esboçando tendência de crescimento para 2018”, observa.
Emprego – Em relação ao emprego, embora a média geral tenha sido negativa, a redução do número de postos de trabalho em 2017 foi relativamente pequena, na ordem de -0,28%. “Esse resultado na verdade aponta uma manutenção dos quadros funcionais por parte das empresas. Dois mil e dezessete foi um ano de incertezas e as empresas já começaram o período com seus quadros funcionais reduzidos, portanto as variações foram mais no sentido de uma rotatividade normal do segmento”, avalia Rodrigues.
No primeiro semestre houve mais demissões, porém no segundo foi observado um pequeno movimento de contratação com predominância de manutenção de postos de trabalho, sem o tradicional aumento característico do final do ano. Em fevereiro foi observado um maior movimento de demissões, com uma redução média no número de postos de trabalho de -2,12% e o melhor resultado foi logo em seguida, em março, com elevação de 0,76%.
Entre os setores, apesar da média negativa, os números foram bastante heterogêneos, com Presentes apresentando variação média de 0,00% nos postos de trabalho durante 2017, ou seja, ocorreu manutenção dos empregos. Os segmentos que reduziram os quadros foram cine/foto (-2,08%), tecidos/enxoval (-1,92%), eletrodomésticos (-0,48%), móveis (-0,28%) e vestuário (-0,23%).
Por outro lado, com elevação no número de empregados ficaram calçados (1,83%), ótica (0,50%) e livraria/papelaria (0,16%). A expectativa é que cresçam as vagas à medida que o volume de vendas passe a se recuperar de maneira mais consistente.
Modalidade de pagamento – Cada vez mais, a preferência do consumidor na hora de pagar suas contas é o cartão de crédito, que entrou em 2017 sendo responsável por 53,81% dos pagamentos e terminou sendo utilizado em 55,27% das transações. A novidade fica por conta das vendas à vista, que viram seu percentual de utilização cair de 33,40% para 31,54%, enquanto a prazo, por meio de carnês e cheques pré-datados, subiram de 12,79% para 12,99%, chegando a 15,29% em junho.
Para Rodrigues, o cenário demonstra uma preferência pela não realização de pagamentos à vista. “Essa tendência é impulsionada pela queda na taxa de juros, que é um atrativo para a realização de compras parceladas e o aumento do desemprego, que reduz a renda disponível e o dinheiro em posse da população”, diz.
Análise – Dois mil e dezessete está longe de ter sido o sonho de qualquer comerciante, mesmo aqueles que viram suas vendas se recuperarem. “Sim, há uma melhora econômica em curso, mas ela vem de forma lenta e gradual, sem grande intensidade. Com um contingente grande de pessoas desempregadas e, por consequência sem renda, não há muito espaço para um crescimento acelerado”, analisa Rodrigues.
A tendência no cenário atual é que a recuperação seja puxada por segmentos voltados ao mercado externo e, no momento em que estes começarem a absorver a mão de obra parada, reduzindo o desemprego, haverá uma recuperação mais rápida dos demais setores, inclusive o comércio.
“Tudo isso poderá ser acelerado com a eleição presidencial, mas ninguém que venha a assumir o país estará isento de realizar as reformas que estão em pauta desde a extinção da hiperinflação no país, é preciso seguir em frente e melhorar o ambiente empresarial para que haja a retomada dos investimentos e também dos empregos”, finaliza Rodrigues.