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Desenvolvimento ou inchaço?

Expansão urbana na zona leste de Ribeirão Preto – local de recarga do Aqüífero Guarani – onde está a proteção necessária?

Expansão urbana na zona sul de Ribeirão Preto: condomínios horizontais e verticais – onde está a infra-estrutura?

Tratamento de esgoto com possibilidade para 100% da população ribeirãopretana – onde estão os sistemas de ligação aos interceptores que levam o esgoto à estação de tratamento?

Captação da água da chuva para serviços a partir de edificações com determinadas dimensões – a lei, ao que se saiba existe; está sendo aplicada?

Reforma da Estação Rodoviária – esta é triste!

Ausência de um local para grandes espetáculos no centro da cidade (refiro-me às praças XV de Novembro e Carlos Gomes ) – Implantação de verdadeiros monstrengos sob a forma de palco em frente ao Theatro Pedro II, quando de eventos importantes, descaracterizando o “cartão postal de Ribeirão Preto”.

Estes são alguns exemplos do inchaço, ou seja crescimento sem planejamento, não apenas de Ribeirão Preto, como de grande parte dos setores urbanos de nossos municípios. Ser ranzinza é uma coisa, talvez eu o seja; ser crítico é outra, este eu sou. Não crítico pelo prazer de criticar, gostaria de estar dando parabéns às coisas triviais que acontecem no município, como a obediência às leis de trânsito, às peças do Plano Diretor, em fim ao bom senso de se viver de forma saudável e criativa em nossas cidades, principalmente, sem que haja necessidade de intervenções do estado a todo instante, no entanto as coisas não são bem assim.

De um lado, a má educação da população, a ganância e a destemperança de muitos, aliados a um sistema de gestão municipal arcaico e incipiente, se unem a uma falta de aptidão, seja do poder executivo, do legislativo e da sociedade em ter criatividade para a sustentabilidade de um desenvolvimento que permita a entrega de nossa cidade, de nosso município, em fim do planetinha de forma igual, ou melhor da que os recebemos de nossos pais, aos nossos filhos e netos. Talvez essa seja a melhor definição de Desenvolvimento Sustentável elaborada até hoje.

Como o(a) amável leitor(a) que chegou até aqui em sua leitura pode observar: consegui sair da política pura ou impura, como queiram, para penetrar naquela dirigida ao meio ambiente, não cuidando dos bichinhos das árvores e coisa e tal, cuidando isto sim, da qualidade de vida do ser humano, do mesmo que o agride a todo instante, seja por pura irresponsabilidade por ausência de conhecimento ou por egoísmo e ganância.

A expansão urbana da zona leste – a tal da recarga do Aqüífero Guarani, necessita de cuidados muito especiais que vão desde o tamanho dos lotes e espaços livres de construção neles, até a forma de coleta de lixo, esgoto e sistema de calçamento dos leitos carroçáveis das suas ruas e avenidas.

Os condomínios horizontais ou verticais ora projetados devem trazer junto à beleza e aos espaços de lazer tão necessários, sistemas quase auto-suficientes de pequenas estações de pré-tratamento de esgoto, energia solar, distribuição dos cômodos internos das casas e apartamentos com aproveitamento máximo de luminosidade natural e equilíbrio térmico, afinal Ribeirão Preto é um município com elevadas médias anuais de temperatura, redução de perda de material em suas construções, e assim por diante.

E a nossa esplanada do Pedro II, a todo instante invadida por monstrengos em forma de palco para espetáculos? O professor Jorge de Azevedo Pires, quando da reforma de ambas as praças – a XV de Novembro e Carlos Gomes, sugeriu a construção de um defletor acústico naquela última, que abrigaria toda sorte de espetáculos, não descaracterizando os aspectos paisagístico e arquitetônico do local, sem que ao menos houvesse resposta dos responsáveis.

Com relação à rodoviária, “eita rodoviariazinha ruim”. É reforminha após reforminha e ela continua cheia de problemas que vão da falta de segurança à ausência de conforto para os usuários e funcionários; isto não bastasse, sua localização. E não há comissões parlamentares de estudos que consigam se fazer sentir para que ela melhore.

Saindo do ser ranzinza e crítico, que tal um pouco de planejamento. Notícias recentes nos informam de troca de área cessão ou comodato de trecho(s) das linhas da Rede Ferroviária Federal que se localizam em nosso setor urbano e estão abandonados. As cidades com progresso sustentável do planetinha estão usando os chamados VEÍCULOS LEVES SOBRE TRILHOS em substituição a transporte rodoviário, havendo grande aceitação deles, não apenas pela população, porém e principalmente pelo meio ambiente – aqui incorporo a este a melhoria da qualidade de vida, pelo conforto ou pela redução drástica da poluição atmosférica e consumo de energia. Isto para não voltar a comentar um estudo do nosso saudoso Faustino Jarruche que quando vice-prefeito, no início da década de 90 iniciou um projeto de metrô de superfície em um sistema radial em Ribeirão Preto. Vale a pena retomar os estudos e acredito aplica-los na ora abandonada linha da RFF.

As broncas e idéias estão sendo dadas, resta que as autoridades constituídas as acatem ou as questionem, assim, com a palavra os(as) arquitetos(as), urbanistas, poder executivo, poder legislativo e a sociedade civil, a maior interessada na melhoria da nossa qualidade de vida.

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