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James Franco vai do céu ao inferno com acusações de assédio após Globo de Ouro

Por Pedro Antunes

Domingo, 7 de janeiro. O turbilhão de Hollywood girava em torno dos movimentos Time’s Up e #MeToo, nos quais as mulheres colocavam um basta em abusos sofridos por décadas na indústria do cinema e televisão – mas indo além, claro. Naquela noite histórica, as emissoras de TV transmitiram o que ocorria no Hotel Beverly Hilton, em Los Angeles, para o mundo. Era uma noite delas, ocupada eventualmente por homens, muitos deles claramente sem saber o que fazer, como se posicionar e qual seria sua função ali. James Franco, na ocasião, ao subir ao palco para agradecer a escolha como melhor ator por seu trabalho Artista do Desastre, foi discreto. Carregava, na lapela do paletó, um broche do Time’s Up, contudo. Dois dias depois, o Twitter já trazia notícias azedas para Franco. Pelo menos cinco garotas vieram a público, pela rede social, revelando momentos nos quais Franco teria abusado sexualmente e psicologicamente delas.

Artista do Desastre, nome do filme estrelado e dirigido por ele, que estreia no circuito brasileiro nesta quinta-feira, 25, tornou-se o próprio Franco. Basta trocar a preposição. Tornou-se um artista em desastre, numa espiral que suga para baixo da qual nenhum dos outros acusados foi capaz de escapar. Franco saiu do céu, seu melhor momento artisticamente, condecorado pela crítica internacional que vota no Globo de Ouro para ser esnobado pelo Sindicato dos Atores no SAG Awards, realizado semanas depois – até mesmo a sua presença ali foi questionada e ouviu-se, nos bastidores, que Franco só estaria ali porque tinha certeza de que ganharia o prêmio (o vencedor foi Gary Oldman, pelo trabalho em O Destino de Uma Nação).

Não são poucos os casos de personalidades de Hollywood que viram suas carreiras ruírem – e com devida razão – após acusações semelhantes. O primeiro caso a motivar a onda de denúncias é de Harvey Weinstein, antigo superprodutor de cinema e atualmente a figura mais odiada da indústria. Ele perdeu sua companhia, a mulher, o prestígio e provavelmente, hoje, deve estar vivendo alguns maus bocados.

Dos nomões do cinema em xeque atualmente, Woody Allen tem o caso mais quente no momento. As acusações de assédio sexual feitas pela filha adotiva dele, Dylan Farrow, voltaram à tona e um grande número de atores que estrelaram filmes do diretor se disseram arrependidos, doaram seus salários para o Time’s Up e prometeram não voltar a trabalhar com Allen. Na lista estão Colin Firth, Mira Sorvino, Rachel Brosnahan, Greta Gerwig, Rebecca Hall e Timothée Chalamet.

Caso marcante também é de Kevin Spacey, ator duas vezes vencedor do Oscar e, hoje, responsável por um prejuízo de US$ 39 milhões da Netflix, empresa que o empregava na premiada série House of Cards. Hoje, o Spacey é carta fora do baralho – desculpe pelo trocadilho -, diz tratar seu vício em sexo e foi substituído por Christopher Plummer no filme Todo o Dinheiro do Mundo, de Ridley Scott, quando as filmagens já estavam próximas do fim. Scott e o estúdio não titubearam em gastar mais US$ 10 milhões para refazer as cenas nas quais Spacey aparecia. Pelo papel, Plummer foi indicado para o Globo de Ouro e, agora, para o Oscar.

A maior de todas as premiações de cinema, aliás, ignorou a performance de Franco

Franco evitou se posicionar a respeito das acusações. Em entrevista ao The Late Show, apresentado por Stephen Colbert, da emissora norte-americana CBS, poucos dias após o Globo de Ouro, falou sobre o caso, mas esquivou-se das acusações. “Houve algumas coisas no Twitter, e eu não li. Eu ouvi falar delas. Eu não faço ideia do que eu fiz para Ally Sheedy (uma das atrizes que o acusaram). Eu a dirigi em uma peça na Broadway, eu só me diverti com ela. Tenho o máximo respeito por ela. Eu não faço ideia de por que ela ficou magoada. Ela apagou o tweet, eu não sei, não posso falar por ela”, disse.

E, em retrospecto, o Artista do Desastre está bem distante do desastre pessoal e profissional diante do qual Franco está agora No seu auge, digamos, como ator, Franco vive o fundo do poço pessoal. Uma contradição, aliás, que combina com Artista do Desastre, o filme que retrata a trajetória de Tommy Wiseau, o estranho sujeito que criou o pior melhor filme do mundo com The Room – um longa que, de tão ruim, tornou-se cult.

É um fim trágico para Artista do Desastre, que acabou esnobado pelo Oscar e deve ter sua vida útil encurtada nas temporadas de premiações por culpa das atitudes de Franco. Em The Room o que seria o fundo do poço de Wiseau – um drama que foi encarado como uma comédia – virou sua redenção. Improvável, contudo, que Franco saia dessa tão cedo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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