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PF vai investigar Isaac Antunes

A Polícia Federal (PF) tam­bém vai investigar o suposto envolvimento do vereador Isaac Antunes (PR) com as fraudes apuradas pelo Ministério Públi­co Estadual (MPE) e Polícia Civil na Operação Têmis, deflagrada em 11 de janeiro e que levou sete pessoas para a cadeia – quatro advogados, dois presidentes de associações e o funcionário de uma das entidades. Outros dois advogados foram indiciados, mas respondem ao inquérito em liberdade. Eles são acusados de organização criminosa, estelio­nato, falsidade ideológica, fraude processual e violação de sigilo bancário. Todos os suspeitos ne­gam a prática de crimes e dizem que vão provar inocência.

Já Isaac Antunes é acusa­do de crime eleitoral – compra de votos. Segundo o promotor Aroldo Costa Filho, que coman­da as investigações no MPE, o vereador ajudou o grupo alvo da Operação Têmis a captar documentos de homônimos de pessoas usadas indevidamente em ações referentes a perdas de planos econômicos. Somente no Fórum Estadual de Justiça de Ri­beirão Preto tramitam 53,3 mil processos – suspensos por deci­são do juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Cri­minal, responsável também pela concessão de mandados de pri­são e de busca e apreensão solici­tados pela Promotoria. A fraude é estimada em R$ 100 milhões. Ainda há outros 30 mil recursos no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP).

O Ministério Público anun­ciou nesta quarta-feira, 24 de janeiro, ter solicitado à Polícia Federal a instauração de inqué­rito contra o vereador. A Pro­motoria pediu uma investigação por crime eleitoral após apontar que o parlamentar se valia de um projeto social que prome­tia “limpar o nome” de inadim­plentes para alavancar votos na corrida eleitoral de 2016. Se­gundo a denúncia, Antunes e a Associação Pode Mais Limpe seu Nome cooptavam pessoas com restrições de crédito. Essa relação, segundo o promotor, te­ria influência nas urnas, levando o republicano a conquistar uma vaga na Câmara.

Isaac Antunes foi eleito com 3.111 votos. O vereador tam­bém é alvo do juiz Paulo Cícero Augusto Pereira, da 265ª Zona Eleitoral de Ribeirão Preto, onde tramita o pedido de investigação contra o parlamentar “por práti­ca de captação ilegal de votos” – a apuração conta com a assistên­cia do promotor Ronaldo Batista Pinto. A Câmara também deve­rá instaurar Comissão Proces­sante (CP) na volta do recesso, em 1º de fevereiro, quando será definida a composição do Conse­lho de Ética, para apurar a suposta quebra do decoro parlamentar. Caso seja comprovada alguma irregularidade, ele poderá ter o mandato cassado e perder os di­reitos políticos por oito anos. O republicano refuta todas as acu­sações, diz que jamais cometeu crime, que não tem relação com o escritório de advocacia inves­tigado e que não conhece os advogados acusados de fraude. O promotor diz que a denúncia foi feita durante a eleição.

Nas investigações, o MPE associou a prática a um esquema que ajudou advogados envolvi­dos a fraudar processos judiciais sem o consentimento e o co­nhecimento de beneficiários de expurgos inflacionários decor­rentes dos planos Collor, Verão e Bresser. Alguns dos inadim­plentes, segundo a Promotoria, tinham os mesmos nomes dos verdadeiros beneficiários e, sem saber, emitiam procurações mais tarde utilizadas nas fraudes.

Em nota, a Promotoria in­formou que o inquérito vai tratar do artigo 350 do Código Eleito­ral, que prevê a prática de “omi­tir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais.” O inquéri­to tem prazo inicial de 30 dias, passível de ser prorrogado. “Findo este prazo, o inquérito será remetido ao Ministério Público, que poderá pedir seu arquivamento, denunciar o averiguado ou requisitar novas diligências à Polícia Federal, para melhor apuração da conduta do agente”, comunica.

Segundo o MPE, Isaac An­tunes, que na campanha eleito­ral de 2016 criou o movimento “Muda Ribeirão” no embalo da Operação Sevandija – uma ver­são municipal do “Muda Brasil”, de apoio à Lava Jato –, conhecia os advogados e sabia que a lista com os nomes das pessoas que cooptou durante a campanha seria entregue ao escritório de advocacia. Ele sempre negou essa relação. Chegou a dizer que está sendo perseguido por sua atuação na Câmara – pre­sidiu a Comissão de Justiça e Redação no ano passado e emi­tiu parecer contrário a projetos importantes do Executivo – e também culpa a imprensa.

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