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Ex-prefeita nega desvio de verba

A ex-prefeita Dárcy Vera (sem partido) voltou a ocupar o banco dos réus nesta sexta-feira, 19 de janeiro. Diante do juiz Ro­berto Jeuken, da 7ª Vara Federal de Ribeirão Preto, ela negou o desvio de R$ 2,2 milhões para contratação de empresa de pu­blicidade para divulgação da primeira prova da Stock Car na cidade, em junho de 2010. O de­poimento da ex-chefe do Execu­tivo durou 54 minutos. A fase de interrogatórios e apresentação de provas já terminou e a sen­tença deve ser anunciada ainda neste semestre.

Dárcy Vera alega que não cabia a ela tratar da aplicação do recurso, bem como prestar contas dele. A maior parte da verba, no valor de R$ 2 milhões, veio do Ministério do Turismo (MTur), e a prefeitura entrou com contrapartida de R$ 200 mil. A ex-prefeita chegou ao Fó­rum da Justiça Federal por volta das 13h30, em uma viatura da Secretaria de Estado da Admi­nistração Penitenciária (SAP), algemada e com o uniforme de presidiária – camiseta branca e calça cáqui. Durante o depoi­mento, o magistrado autorizou que as algemas fossem retiradas.

O ex-secretário de Admi­nistração, Marco Antônio dos Santos, também depôs como tes­temunha de defesa da ex-prefeita, já que era o responsável pelas licitações da prefeitura. Ele não usava algemas quando chegou em camburão da Polícia Federal (PF). Logo no início da audiência, a ad­vogada de defesa de Dárcy Vera, Maria Cláudia Seixas, pediu o re­torno imediato de sua cliente para a Penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba, sob a justificati­va de que ela está trabalhando no presídio. O pedido foi autorizado e encaminhado à SAP.

Dárcy Vera passou a semana na Penitenciária Feminina de Vila Branca, no Parque Ribeirão Preto, na Zona Oeste da cidade. Santos também está preso em Tremem­bé. A procuradora da República responsável pela acusação questio­nou a ex-prefeita sobre a abertura de uma sindicância somente de­pois que o Ministério Público Fe­deral (MPF) abriu inquérito para investigar o repasse da verba à Confederação Brasileira de Auto­mobilismo (CBA), que contratou a Vicar Promoções Desportivas. Não houve licitação.

Dárcy Vera respondeu que havia determinado a abertura de duas sindicâncias e não se lembra­va de datas. Ela também revelou que antes de ser presa novamente, em 19 de maio, por causa das in­vestigações da Operação Sevandi­ja, vendia doces e queijos de uma amiga para sobreviver.

A ex-prefeita afirmou ao juiz que equipes técnicas da prefeitura e os secretários da época – prin­cipalmente os que ocupavam a Fazenda e o Turismo – foram os responsáveis por gerir a verba da União, e destacou que ela apenas assinou a prestação de contas. “Meu único objetivo era promover Ribeirão Preto, eu trabalhei muito por isso”, disse. “A denúncia é fal­sa”, completou.

Presa há oito meses sob a acu­sação de chefiar um esquema que desviou R$ 45 milhões dos cofres públicos de Ribeirão Preto – pro­cesso dos honorários advocatícios, única ação penal da Sevandija em que aparece como ré –, Dárcy Vera estava com os cabelos ali­sados e presos, diferente da vas­ta cabeleira que exibiu quando esteve na 4ª Vara Criminal, em dezembro do ano passado.

Além de Dárcy Vera e Santos, outras pessoas foram ouvidas. O primeiro a depor foi Rubens Por­tugal. Ele foi questionado sobre suas funções no Ministério do Turismo em 2010. Em seguida, foi a vez do ex-secretário de Admi­nistração sentar-se diante do juiz Roberto Jeuken. Santos disse que assinava todos os convênios, mas cabia ao gestor de cada pasta a exe­cução dos contratos. Neste caso, a verba foi destinada à Secretaria de Turismo, que na época era coman­dada por Tanielson Campos.

O ex-secretário também ne­gou que Dárcy Vera tenha agido deliberadamente na aplicação dos recursos. Por fim, o braço di­reito da ex-prefeita afirmou que ela não tomava nenhuma deci­são sozinha, mas dependia da avaliação de equipes técnicas da prefeitura. Na sequência, MPF e a defesa dispensaram quatro tes­temunhas convocadas. Então, o ex-presidente da CBA, Clayton Pinheiro, foi chamado à sala de audiências da 7ª Vara Federal.

Ele não soube informar deta­lhes sobre a prestação de contas dos repasses, que eram feitos pela prefeitura, apenas afirmou que contratava a Vicar para angariar mais recursos para a realização da prova. Também arrolado como testemunha no processo, o ex-diretor geral da empresa, Maurício Slaviero, não foi en­contrado pelos oficiais de Justiça.

A advogada Maria Cláudia Seixas disse que tudo será escla­recido ao final do processo e que provará a inocência de sua clien­te. A atual gestão da CBA diz que está à disposição da Justiça e que o contrato com a prefeitura é le­gal. A Vicar não se pronunciou.

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