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Advogados são presos acusados de golpe

Quatro advogados e o funcio­nário de uma associação foram presos na manhã desta quarta­-feira, 11 de janeiro, durante a Operação Têmis – deusa da Jus­tiça –, deflagrada pelo Centro de Inteligência da Delegacia Seccio­nal de Polícia Civil e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual (MPE). Eles são suspeitos de arti­cular fraudes judiciais da ordem de R$ 100 milhões contra instituições financeiras. Cerca de 53 mil ações impetradas pelo grupo tramitam em cinco Varas Cíveis do Fórum Estadual de Justiça da cidade.

Foram cumpridos sete man­dados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão, todos na cidade de Ribeirão Preto. As buscas fo­ram realizadas em nove residên­cias e quatro escritórios, um de­les de advocacia. Estão presos os advogados Renato Rosin Vidal, Klaus Philipp Lodoli, Angelo Luiz Feijó Bazo e Ramzy Khu­ri da Silveira. Luiz Felipe Naves Lima, funcionário da Associação Pode Mais Limpe seu Nome, também está preso. Ruy Rodri­gues Neto, presidente da entidade, e Gustavo Caropreso Soares de Oliveira, advogado, são conside­rados foragidos pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual.

Participaram da operação no­ves delegados da Polícia Civil, seis promotores de Justiça, 33 investi­gadores da Polícia Civil e 13 via­turas. Vários computadores e do­cumentos foram apreendidos. Os mandados, inclusive os de prisão preventiva, foram expedidos pelo juiz da 4ª Vara Criminal de Ribei­rão Preto, Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira.

A investigação apontou que foram distribuídas milhares de ações judiciais para o cumprimen­to de sentença em diversas comar­cas do Estado de São Paulo, 53 mil somente em cinco Varas Cíveis de Ribeirão Preto, informando sobre suposta diferença de expurgos in­flacionários decorrentes dos pla­nos econômicos Collor, Bresser e Verão, cujos titulares seriam à épo­ca poupadores do extinto Banco Nossa Caixa e incorporado pelo Banco do Brasil S/A.

Os advogados distribuíam as ações e solicitavam o segredo de justiça para evitar que terceiros ve­rificassem eventual litispendência ou homonímia. Verificou-se que os supostos autores das ações pos­suem nomes comuns, com diver­sos homônimos, não comprovan­do vínculo pessoal ou profissional com o domicílio das contas ou as comarcas onde foram distribuí­das as ações e na verdade apurou­-se que não eram os verdadeiros correntistas. Com isso a fraude processual baseada em quebra de sigilo bancário e subsequente cap­tação de clientela, induziu a erro o Poder Judiciário e poderia ocasio­nar prejuízo estimado aos bancos em cem milhões de reais.

Os presos foram levados para a Delegacia de Investigações Ge­rais (DIG) na Central de Polícia Judiciária e posteriormente, fo­ram transferidos para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Ribeirão Preto. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai abrir um procedimento ético­-disciplinar que pode resultar na cassação profissional dos advoga­dos. Eles podem ser inocentados, advertidos, suspensos ou expulsos, segundo o coordenador de direi­tos e prerrogativas da OAB, José Augusto Aparecido de Ferraz que acompanhou a operação do MPE e da Polícia Civil a fim de garantir os direitos básicos dos advogados.

Ouvidos pela imprensa na porta do escritório, os advogados presos negaram participação no esquema. Segundo o MPE, os suspeitos conseguiam ilegal­mente o cadastro de clientes de bancos e entravam com ações judiciais sem que as pessoas soubessem que os nomes delas eram usados. A suspeita de que funcionários das instituições fi­nanceiras estejam envolvidos na fraude não está descartada.

Com a relação de correntistas em mãos, assim como os núme­ros das contas bancárias e os res­pectivos valores depositados na década de 1990, os investigados saíam à procura de homônimos residentes em Ribeirão e região para usá-los nas fraudes. As ví­timas assinavam procurações em meio a outros documentos, sem nenhum conhecimento. Inadimplente, a maioria dessas pessoas era abordada pelos advo­gados ou por intermediários deles, com a promessa de conseguirem quitar as dívidas.

O Ministério Público infor­mou que os suspeitos também usavam uma associação para atrair inadimplentes, prometendo “limpar os nomes sujos”. A empre­sa, localizada na avenida Costábile Romano, ficava a 150 metros de dois escritórios de advocacia alvos da Operação Têmis.

Renato Rosin Vidal disse: “O que eu tenho a dizer é que o Ministério Público está fazendo o papel dele, de investigar as irre­gularidades que eles suspeitam. O Ministério Público vai poder verificar que não houve nada. A associação é parceira do escritório, eles fazem um trabalho junto à população de baixa renda, e quan­do não resolvem a situação através da associação, eles nos procuram para ajudar a solucionar o proble­ma. Qualquer valor que seja de cliente foi repassado.”

Klaus Philipp Lodoli afirma que as acusações são mentirosas. “Isso é mentira e vai ser provado no processo. Inclusive, foi cedi­do o servidor de maneira inte­gral, inclusive com senha. Toda a documentação do escritório foi cedida para eles e vai ser feita a verificação. O que existe por parte do poder judiciário é uma rechaça com relação à ativida­de do escritório propriamente dita, e nós não vamos deixar de atender aos interesses dos nos­sos clientes”, disse. Angelo Luiz Feijó Bazo negou as acusações, mas não quis comentar o caso. Ramzy Khuri da Silveira: não se manifestou sobre as acusações.

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