Em época de crise, qualquer economia, por menor que seja, é sempre bem-vinda. E quando essa redução é nos preços dos produtos básicos do dia a dia, como leite longa vida, feijão, açúcar, chocolate, frango e arroz, é ainda melhor. O ano de 2017 foi extremamente favorável para os consumidores do setor supermercadista, conforme aponta o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação paulista de Supermercados em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Apas/Fipe).
No acumulado de janeiro a dezembro de 2017, a inflação dos supermercados registrou queda de 2,30% e atingiu o menor valor desde o início de sua medição, em 1994, ano de lançamento do Plano Real. Anteriormente, a retração mais baixa registrada aconteceu em 1998, quando o índice apontou redução de 2,26%.
“Este resultado surpreendente é decorrente de dois fatores que eram apontados ao longo dos meses em 2017. Um deles foi a safra recorde brasileira no último ano, que superou todos os prognósticos. Este resultado principalmente nos grãos fez também com que os rebanhos bovino, suíno e aves fossem beneficiados com melhores preços para a ração por exemplo, o que ajudou na redução no preço das carnes”, explica o economista da Apas), Thiago Berka.
Apesar do resultado animador para o consumidor no ano passado para o acumulado de 2018 a previsão é que os preços subam nos supermercados entre 3 a 4%. “O nível de emprego no Brasil continuará aumentando e com melhora nos empregados com carteira assinada na iniciativa privada o que vai tornar a demanda mais robusta e sustentável. Além disso, a safra brasileira de 2018 será excelente novamente, porém, não brilhará tanto quanto em 2017, com previsões de que seja 6% pior”, avalia Berka.
Leve alta em dezembro – Se no acumulado de 2017 o IPS fechou em queda, no mês de dezembro o índice subiu 0,27%, valor considerado baixo dado que, tradicionalmente, dezembro é um mês de aumentos maiores na inflação devido a demanda maior nas compras de final de ano. Os vilões que fizeram com que o índice subisse no último mês de 2017 foram as frutas e carnes, principalmente bovinas. Coxão mole, contrafilé, patinho e acém contribuíram com cerca de 23% do aumento do IPS de dezembro mas foram fortemente contrabalançados por quedas das carnes suínas e aves.
Carnes, leite e cereais – Os preços subiram 0,72% em dezembro puxados pela carne bovina (3,93%) e dos pescados (1,20%). Por outro lado, as aves demonstraram queda (1,16%), junto com suínos (3,30%) e leite (0,37%), que puxaram os resultados do grupo para baixo. No acumulado do ano de 2017, os produtos semielaborados registraram redução de 5,64%.
Produtos industrializados – Subiram 0,24% em dezembro. Surpreende o pequeno aumento dos panificados, incluindo os panetones, de 0,39%. Já os doces tiveram redução de 0,84%, com o chocolate em queda de 0,36%, o que causa surpresa, pois é um produto muito demandado como presente no Natal. No acumulado de 2017, os produtos industrializados fecharam em queda de 1,40%.
Produtos in natura – No geral caíram 0,34% em dezembro. Este número só não foi menor por conta das frutas que responderam a maior demanda do mês, já que são tradicionais e tiveram alta de 1,94%. Laranja (6,99%), banana (5,69%), maçã (4,39%), mamão (7,02%), abacaxi (4,20%) e maracujá (6,60%) foram os principais aumentos. Importante salientar que todas estas frutas, exceto o maracujá, estão em período de fim de safra ou entressafra em dezembro tornando os preços mais instáveis. No acumulado de 2017, os produtos in natura fecharam em queda de 4,28%.
Bebidas – Fechou dezembro em leve queda de 0,12%, porém, encerrou o ano bem acima do IPS com 1,50% de aumento, devido, principalmente a alta do refrigerante (2,15%) e água mineral (5,37%). Já as bebidas alcoólicas encerraram dezembro praticamente estáveis, com queda de 0,04%, porém, com alta de 1,95% no acumulado do ano de 2017. A grande responsável pela alta no ano foi a cerveja, que subiu 2,40%.