Ribeirão Preto ainda tem o gás de cozinha mais caro do estado de São Paulo, só que a diferença para a segunda colocada e a margem de lucro dos comerciantes disparou em menos de um mês. Segundo o último levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizado entre os dias 24 e 30 de dezembro em 59 municípios, o botijão de 13 quilos vendido na cidade custa, em média, R$ 84,71, com mínimo de R$ 75 e máximo de R$ 87.
Para os revendedores custa R$ 52,63 (piso de R$ 52 e teto e R$ 62), variação de 60,9% ou R$ 32,08 a mais, uma margem de lucro absurda. O valor médio ao consumidor está quase R$ 10 acima do praticado pela segunda colocada no ranking, São Caetano do Sul, que vende o produto a R$ 75 (mínimo de R$ 69,99 e máximo de R$ 80). A diferença é de R$ 9,71, alta de 12,9%. Em comparação com o GLP-13 de Mogi Mirim, que tem preço médio de R$ 52,13, a diferença chega a R$ 32,58, variação de 62,5%.
Desde que a Petrobras implantou sua nova política de preços, em junho do ano passado, o preço do GLP-13 subiu 68% para os revendedores. De janeiro de 2003 a agosto de 2015, o preço do gás de cozinha nas refinarias da estatal ficou congelado. Nem por isso deixou de subir para o consumidor: 56,8% naquele período. Está demonstrado que o valor sobe mesmo quando não há aumento nas refinarias.
Basta observar a margem de lucro dos comerciantes ribeirão-pretanos para perceber que a culpa não é apenas do governo, tem muita gente lucrando alto com o dinheiro da população. No ranking do gás mais caro da ANP, depois de Ribeirão Preto e São Caetano do Sul aparecem Santa Cruz do Rio Pardo (R$ 72,92, mínimo de R$ 70 e máximo de R$ 75), Botucatu (R$ 72,88, piso de R$ 72 e teto de R$ 73), Santos (R$ 72,53, mínimo de R$ 60 e máximo de R$ 85) e Ibitinga (R$ 71,75, piso de R$ 71 e teto de R$ 72).
O último reajuste no preço do GLP para uso residencial, envasado pelas distribuidoras em botijões de até 13 quilos (GLP P-13), foi de 8,9%, em média. Em junho, a Petrobras criou uma regra de correção automática do valor do produto, aplicada no dia 5 de cada mês. Desconfortável com o impacto desta magnitude no preço de um produto que ninguém pode abrir mão de consumir, do mais pobre ao mais rico, a estatal decidiu rever sua própria política e anunciou que em janeiro de 2018 não haverá aumento. Além disso, diz que o consumidor tem 2% de bônus que serão descontados nos futuros reajustes.
Ainda não se definiu a nova fórmula, mas já foram fixados alguns parâmetros. Por exemplo, a correção do preço não deverá mais ser mensal. Com isso, evita-se a incorporação de aumentos de preços do gás no mercado internacional, sujeitos a grandes variações no curto prazo. Segundo a determinação de junho, o preço do gás nas refinarias da empresa seguiria uma regra fixa.
Seria determinado pela cotação do gás butano e propano no mercado europeu, convertido pela média diária das cotações de venda do dólar pelo Banco Central, acrescida uma margem de 5%. E seria reajustado, pelo menos, uma vez por mês, a cada dia 5. A partir daí, os reajustes passaram a ser uma decisão meramente administrativa, de aplicação da fórmula, sem avaliar outras implicações.
A regra demonstrou ser um castigo para o consumidor. Não está claro ainda se a mudança em estudo vai implicar, em algum momento, na reversão dos aumentos já praticados. Mas, provavelmente, seus efeitos serão diluídos ao longo do tempo. Também não se pensa em voltar à política anterior, que mantinha congelado por longos períodos o preço do gás.