O Palacete Jorge Lobato, na esquina das ruas Álvares Cabral com Florêncio de Abreu, no Centro de Ribeirão Preto, recebeu em dezembro iluminação especial para celebrar o Natal. As luzes chamam a atenção de quem passa em frente ao local. O casarão estava fechado desde 1991. Em junho, porém, durante a 17ª Feira Nacional do Livro, o imóvel foi aberto para visitação. E tem mais notícia boa: segundo o atual proprietário, o engenheiro civil Hector Sominami Lopes, a expectativa é reabrir o espaço no primeiro semestre de 2018.
No local vai funcionar o Café e Restaurante Palacete. O casarão passa por obras de restauração e aguarda a aprovação do Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac) para iniciar mais uma etapa da reforma, a construção da cozinha do restaurante. O órgão passou por problemas legais neste ano e a definição de sua composição só foi anunciada neste semestre – uma lei sancionada pela então prefeita interina Gláucia Berenice (PSDB), em dezembro do ano passado, reorganizou o conselho, após a legislação de 2007 ter sido anulada pela Justiça.
A revitalização está sendo feita em parceria com o curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Moura Lacerda. O nome escolhido por Lopes é uma homenagem a Ribeirão Preto, que já foi a capital mundial do café. Construído em 1922 pelo escritório de engenharia Geribelli & Quevedo, com projeto arquitetônico original de Adhemar de Moraes, o palacete, tombado em 2008 pelo Conppac, preserva alguns móveis originais. O casarão foi uma das primeiras edificações da cidade a romper com o modelo de cômodos interligados – foi o pioneiro na individualização dos espaços íntimos.
Até então, todos os cômodos de uma casa da elite cafeeira tinham duas portas, facilitando a vigilância do chefe da família sobre seus integrantes. São 650 metros quadrados de área construída com mais de 20 cômodos onde morou o engenheiro civil Jorge Lobato, a esposa Anna Junqueira e os cinco filhos do casal. Os vitrais originais dos anos 1920 são uma atração à parte: nas escadas, em frente à porta principal, há um vitral com a imagem de São Jorge e, na sala de jantar, outro com imagem do Rio de Janeiro.
Na parte externa da casa, além do jardim, há uma construção que os pesquisadores acreditam ser uma capela, porões e uma garagem com quartos na parte superior onde os empregados da família moravam. O casarão, no estilo art déco (estilo artístico de caráter decorativo que surgiu na Europa, principalmente na França, na década de 1920), é considerado uma importante fonte para historiadores que pesquisam as relações familiares, sociais e entre patrões e empregados na primeira metade do século 20.
Entre seus 20 cômodos possui salas de música, de visitas, de recepções (de cerca de 50 metros quadrados, com piso de mármore), de jantar e escritório, além de oito vitrais franceses. No entorno da casa principal, além da casa dos empregados, há um orquidário e um pomar. O casarão estava fechado desde 1991, quando faleceu o último morador.
“As obras estavam meio paradas por causa da legislação, desse problema com a composição e a eleição do Conppac, mas serão retomadas e a expectativa é de inaugurar o Café e Restaurante Palacete no primeiro semestre de 2018, disse o atual proprietário, o engenheiro civil Hector Sominami Lopes, ao Tribuna via WhatsApp .