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Locomotiva é mantida em RP

A maria-fumaça exposta no pátio da Estação Ferroviária Mogiana, na Zona Norte de Ri­beirão Preto, voltou aos trilhos na manhã desta sexta-feira, 22 de dezembro, graças a uma decisão do juiz auxiliar da 7ª Vara Federal. Ele determinou que a locomotiva fique na cidade até o final do re­cesso forense, que termina em 22 de janeiro. A máquina e alguns vagões de passageiros são alvo de uma disputa com o Consórcio Intermunicipal do Trem Republi­cano (Citrem), que pretende usar o comboio numa linha turística entre Salto e Itu, na região de So­rocaba. Ontem, operários usaram guindaste e caminhões munck para reinstalar o equipamento.

A maria-fumaça foi danifica­da. O limpa-trilhos foi retirado, dois buracos foram feitos na parte da frente para instalação dos cabos de aço e os engates que unem o comboio foram desfeitos com ma­çarico. Ribeirão Preto também quer usar a maria-fumaça numa linha turística de oito quilôme­tros entre a Estação Barracão, no Ipiranga, e a da Mogiana. Na quarta-feira (20), com autoriza­ção do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transpor­te (DNIT), o Citrem, formado pelas prefeituras de Salto e Itu, ameaçou retirar a locomotiva e três vagões, mas a Polícia Fede­ral impediu a remoção. Enquanto o município diz ter a posse da ma­ria-fumaça, que inclusive foi tom­bada como patrimônio histórico, o Dnit alega ser o proprietário.

A maria-fumaça ficou em cima de um guindaste por dois dias. Uma liminar concedida pela Justiça Federal em 2014 proíbe a remoção do local. Na quinta-feira (21), uma nova medida cautelar também impediu que a locomo­tiva fosse levada. Márcio Santiago, presidente da Federação de Con­ventions & Visitors Bureaux do Estado de São Paulo e do Brasil, diz que há pelo menos 20 anos Ribeirão Preto detém a posse da locomotiva e que, em 2017, o Mi­nistério do Turismo (MTur) apro­vou um projeto para restaurar os vagões, inclusive a maria-fumaça “Amália” um que está na praça Francisco Schmidt.

O projeto “Trilhos da Mogia­na”, como foi batizado, está orçado em R$ 4,8 milhões. A verba, no entanto, só deve ser disponibiliza­da no próximo ano, ou em 2019. O Instituto do Trem Histórico tem uma proposta semelhante e já está conversando a prefeitura. “Hoje existem mais ou menos 13 marias-fumaça funcionando no Brasil. Isso gera 3,5 milhões de turistas por ano para a cidade que tem um equipamento des­ses. Por isso, é tão querida e todo mundo faz questão de ter”, expli­ca Santiago. Além de recuperar oito quilômetros de trilhos e as duas locomotivas, o projeto prevê a transformação da Estação Barra­cão em “Museu do Trem”.

Na quinta-feira (21), os verea­dores Isaac Antunes (PR) e Fabia­no Guimarães (PR) atenderam ao pedido feito por Santiago e entra­ram com requerimento solicitan­do ao Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto (Conppac) o tombamento da locomotiva. A máquina está em Ribeirão Preto há mais de 40 anos.

Foi adquirida pela Compa­nhia Mogiana de Estradas de Ferro (CMEF) em 1893 e foi fundamental para o desenvol­vimento de Ribeirão Preto, que virou a atual metrópole graças à chegada dos imigrantes italianos e de outras nacionalidades que vieram trabalhar nas lavouras de café. Agora, segundo a legislação, a locomotiva não poderá deixar a cidade até que o processo seja con­cluído pelos conselheiros. Já o Dnit diz que recebeu os equipamento em doação da extinta Rede Fer­roviária Federal S/A (RFFSA).

A votação do requerimento e a abertura do processo de tom­bamento só vão ocorrer em 2018, quando a Câmara voltará do re­cesso parlamentar. No mesmo mês o Legislativo vai votar outra proposta, de autoria do vereador Jorge Parada (PT), que cria uma Comissão Especial de Estudos (CEE) para acompanhar o caso e avaliar a situação da maria-fumaça como patrimônio histórico e cul­tural de Ribeirão Preto.

”A história de Ribeirão Preto está diretamente ligada a rede fer­roviária. A cidade cresceu graças a chegada da Mogiana em 1883, propiciando a rápida expansão da cultura cafeeira e de toda econo­mia local. Não podemos deixar que essa parte da história da cidade vá embora de uma forma inespe­rada e insensível”, alerta o petista. A ação que impediu a transferên­cia foi impetrada pelo procurador André Luiz Morais de Menezes.

Santiago voltou a afirmar que a cidade deixou de ganhar uma verba de R$ 4,8 milhões solicitada pelo deputado federal Baleia Rossi (PMDB-SP) ao Ministério do Tu­rismo (MTur) – o próprio parla­mentar diz que conhece o projeto, mas não teve acesso à liberação do recurso. A locomotiva foi ad­quirida em 1893 pela Companhia Mogiana. A outra maria-fumaça, a “Amália”, está na praça Francisco Schmidt, no Centro.

Ao contrário do que o Tri­buna publicou ontem, de que o secretário municipal de Turismo, Edmilson Carlos Domingues, desconhece o projeto de Santiago, no dia 2 de outubro ele recebeu o representante da Federação dos Convetions na sede da pasta. O que ele desconhece é a liberação de recursos. O prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) defende a permanência da locomotiva na cidade. A prefeitura também res­salta que um projeto semelhante ao de Santiago está em análise em parceria com o Instituto Histórico do Trem. Nogueira enviou ofí­cio ao ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella Lessa, e o diretor geral do Dnit, Valter Casimiro Silveira, para informar que discorda da cessão da locomotiva. Já o projeto do “Trem Republicano”, entre Salto e Itu, considerada o “berço da Re­pública”, está parado há nove anos, segundo a imprensa local.

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