Por Gabriel Melloni
Suíça, Costa Rica e Sérvia. Foram estes os países que o sorteio da Copa do Mundo da Rússia colocou no caminho do Brasil no Grupo E, e que para pelo menos três personagens, trouxe a estranha sensação de “coração dividido”. O ex-meia Petkovic, o técnico Alexandre Guimarães e zagueiro Léo Lacroix verão frente a frente seus países natais e aqueles que escolheram como segunda casa.
Nascido em Lausanne e filho de uma mineira de Nanuque, Léo Lacroix é zagueiro da seleção suíça e pode até estar em campo diante do Brasil na estreia das equipes, no dia 17 de junho, em Rostov. Frequentemente convocado ao longo da caminhada nas Eliminatórias Europeias, o jogador do Saint-Étienne, da França, celebrou bastante a oportunidade de encarar aquele que também considera seu País.
“Fiquei muito feliz que a Suíça esteja no grupo do Brasil. Agora, é trabalhar muito para estar entre os 23 convocados”, disse ao Estado. “Tenho um lado brasileiro porque falo português em casa, gosto de churrasco, de pagode, da resenha, casa cheia, diversão. Mas também sou suíço, gosto das coisas todas organizadas, certinhas.”
A ligação com o Brasil inclusive influenciou no gosto do zagueiro de 25 anos pelo futebol, tanto que ele se tornou flamenguista de coração. E por mais possa estar em campo, Léo não escondeu sua admiração pelo time de Tite e disse até torcer por um empate. “O Brasil é uma seleção muito poderosa, que conseguiu ressuscitar. O Tite fez um excelente trabalho. Por enquanto, vamos torcer para que seja um empate, igual aconteceu na Copa de 1950: 2 a 2.”
Quando o Brasil enfrentar a Costa Rica, dia 22, em São Petersburgo, será a vez de Alexandre Guimarães ficar dividido. Nascido em Maceió, ele fez toda sua carreira como jogador na Costa Rica, se naturalizou e inclusive disputou o Mundial de 1990, na Itália, pelo país. Anos mais tarde, em 2002, comandou os costa-riquenhos na Copa da Coreia do Sul e do Japão. E em ambas as ocasiões, teve que enfrentar a seleção brasileira.
Agora, a situação é diferente e Alexandre estará apenas na torcida, que ele admite que será pela Costa Rica. E por um motivo bem especial: seu filho, Celso Borges, é meia da seleção do país. “Que pai não torce pelo filho?”, questionou o treinador
“Eu nasci no Brasil, tenho família no Brasil, mas a minha vida foi feita na Costa Rica. Foi um país que me deu tudo em termos de realização profissional e pessoal. Agora, me dá a oportunidade de ver um filho representar sua nação contra o país de nascimento do pai. É muito legal e também esquisito que a vida tenha, através do futebol, colocado minha família nessa situação”, comentou.
O último adversário do Brasil na fase de grupos será a Sérvia, dia 27, em Moscou. E se ambas as seleções vencerem seus dois primeiros jogos, chegarão para este duelo já classificadas. É justamente esta a torcida de Petkovic, ex-meia sérvio, que escolheu o Brasil como segunda pátria após anos atuando no País
“Haja coração para esta partida! Seria muito importante se as duas seleções fizessem o dever de casa e ganhassem os primeiros dois jogos, para que este duelo não tenha nenhuma importância. Aí, seria feliz, não teria a possibilidade de alguma delas não se classificar”, projetou, em contato com a reportagem.
Ídolo do Flamengo, Petkovic atuou em sete clubes brasileiros na carreira e ainda treinou outros quatro após deixar os gramados. Ele também mostrou sua admiração pela seleção de Tite, mas fez questão de elogiar seus compatriotas. “Há alguns jogadores sérvios que podem desequilibrar. O Tadic pode fazer uma boa Copa, o Mitrovic, Kostic, Matic… E a zaga sempre foi forte. Vamos ver. Espero que todo mundo esteja em boa forma, porque vamos precisar para passar neste grupo.”