A Câmara de Ribeirão Preto define nesta quinta-feira, 14 de dezembro, a composição da Mesa Diretora que vai comandar a Casa de Leis em 2018. Igor Oliveira (PMDB) é o favorito para a presidência e só deve perder a eleição se houver uma reviravolta. Até esta quarta-feira (13), nas contas do próprio peemedebista, entre 15 e 16 colegas já haviam declarado o voto em sua “chapa”.
Se o placar a favor de Oliveira for confirmado, o PMDB voltará a presidir a Câmara após cinco anos. O partido não comanda o Legislativo desde 2013, com o ex-vereador Cícero Gomes da Silva, primeiro suplente da legenda, afastado do mandato em setembro de 2016 por ser investigado na Operação Sevandija – ele refuta as acusações.
Apesar do favoritismo de Igor Oliveira, o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) tenta emplacar o presidente. Com a retirada da candidatura de Rodrigo Simões (PDT, leia nesta página), que na campanha eleitoral de 2016 era oposição, mas que na presidência da Câmara atuou quase como um líder do governo, Marco Antônio Di Bonifácio, no “Boni” (Rede Sustentabilidade), aparece como “plano B’.
Um parlamentar disse ao Tribuna que uma reunião na noite desta quarta-feira, com o grupo da base aliada, poderia definir a “virada do jogo”. Havia a expectativa da participação dos democratas Fabiano Guimarães e André Trindade, convidados para o encontro. Se a dupla do DEM assumir compromisso com a ala governista, o placar muda: de 15 a 12 para Oliveira, passaria a ser de 14 a 13 para “Boni” – são 27 vereadores. No entanto, com a reviravolta, até Maurício Gasparini (PSDB) poderia ser candidato.
Nogueira é o primeiro prefeito em anos sem lide de governo na Câmara. Em 2 de maio, o atual presidente decretou a vacância do cargo. A administração tucana já havia dito que acabaria com a tradicional figura centralizadora. O prefeito está satisfeito com a atuação de “Boni”, Simões e outros vereadores que têm defendido os projetos do Executivo. No entanto, já foi alvo de “fogo amigo” da bancada do PSDB em algumas questões.
A atual Mesa Diretora é composta pelo presidente Rodrigo Simões (PDT), o primeiro vice Marco Antônio Di Bonifácio, “Boni” (Rede), o segundo vice Orlando Pesoti (PDT), o primeiro secretário Otoniel Lima (PRB) e o segundo secretário, Jorge Parada (PT). O orçamento da Câmara para o ano que vem é estimado em R$ 69,48 milhões. O Legislativo tem 98 servidores efetivos e mais 135 comissionados nos 27 gabinetes, totalizando 233. A eleição será por voto aberto, cargo a cargo e mediante chamada, em ordem alfabética.
Serão utilizadas cédulas únicas de papel, datilografadas ou impressas, rubricadas pelo atual presidente. No momento da votação, cada vereador assinará a cédula e nela escreverá o candidato em que desejar votar, entregando-a, a seguir, à Mesa Diretora.
Será considerado eleito para cargo da mesa, em primeiro escrutínio, o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos dos membros da Câmara. Como são 27, são necessários 14 votos para cada função. Se ninguém alcançar a maioria absoluta no primeiro escrutínio, será realizada imediatamente nova eleição, concorrendo os dois candidatos mais votados, considerando-se eleito o que obtiver maior votação.
Tudo indica que o pleito será tão acirrado quanto foi o de janeiro, quando o então candidato da oposição, Rodrigo Simões, venceu a situacionista Gláucia Berenice (PSDB) por apenas um voto de diferença (14 a 13, placar que pode se repetir). Tanto Igor Oliveira – o mais votado nas eleições de outubro de 2016 (8.489 votos) –, quanto “Boni” são vereadores de primeiro mandato.
O presidente terá de lidar com as críticas aos “supersalários” pagos aos servidores efetivos e tentar recuperar a imagem do Legislativo, manchada pelo afastamento de nove parlamentares investigados na Sevandija 0- além de Waldyr Villela (PSD), também afastado e na mira do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Polícia Civil acusado de praticar cinco crimes – ele nega, diz que jamais agiu de má-fé e vai provar inocência.
Rodrigo Simões retira candidatura
Próximo do fim de uma controversa gestão, o atual presidente da Câmara de Ribeirão Preto, Rodrigo Simões (PDT), anunciou nesta quarta-feira, 13 de dezembro, a retirada de sua candidatura à reeleição. Criticado acidamente por vereadores da oposição, a ponto de ser considerado o “líder informal” do governo Duarte Nogueira Júnior (PSDB), o pedetista deixou descontentes também parlamentares da base aliada por causa da ausência de medidas concretas para combater os “supersalários” pagos pelo Legislativo.
Dezenas de gratificações foram criadas pelos ex-presidentes Cícero Gomes da Silva (PMDB) e Walter Gomes (PTB), que comandaram a Câmara nos cinco anos anteriores a Simões (2011 a 2016). O pedetista não adotou medidas para acabar com os vencimentos muito acima da média como criou novas gratificações.
Também parece ter contribuído para inviabilizar a reeleição pesquisa do Insat (índice de satisfação), divulgada há três semanas, segundo a Câmara Municipal tem baixa credibilidade junto à opinião pública, sendo o terceiro pior Legislativo entre as dez maiores cidades do Estado – só atrás de São Paulo e Osasco. No comunicado em que anunciou a desistência (o Tribuna publicou na íntegra em sua versão online), diz que “economizou” R$ 13 milhões, que serão devolvidos à prefeitura.
Mas não citou que apenas entre janeiro e novembro a Câmara gastou mais de R$ 41 milhões para pagar os subsídios dos vereadores, pensões de ex-parlamentares e os salários de 135 assessores parlamentares e de 98 servidores efetivos. Nos bastidores, muitos vereadores criticaram o tom do comunicado, afirmando que Rodrigo Simões foi personalista e egocêntrico e deixa a presidência marcado pela mesma empáfia com que assumiu o cargo, em janeiro.
Na nota distribuída à imprensa, ele diz que “muita coisa pode mudar em 12 meses. Talvez, ninguém esperasse tantas mudanças na Câmara de Ribeirão Preto como as que ocorreram neste 2017. Mudanças essas que foram pautadas pela transparência e colocadas em prática por meio da coragem.
Hoje (ontem), em mais uma demonstração de meu compromisso com o surgimento de uma Nova Câmara, abro mão da disputa por mais um ano de mandato à frente da presidência do Legislativo. Deixo de concorrer para evitar qualquer desgaste desnecessário em um período que Ribeirão precisa tanto de uma Câmara mais forte e atenta aos anseios da população. Acredito que o melhor para a Câmara neste momento seria uma união de forças. Era isso o que esperava neste momento.”
Alfredo Risk
Rodrigo Simões desistiu de concorrer à reeleição