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Qualidade de vida requer que olhemos nossa relação com o mundo

A adoção de uma política estratégica para recolocar o Brasil na rota do desenvolvimento econômico e social e que tenha como premissa uma visão de longo prazo não pode deixar de contemplar a modernizante perspectiva da sustentabilidade. Muito mais do que um mantra entoado pelos partidos de esquerda, a sustentabilidade é condição sinequa non para o país sair definitivamente do atraso.

E a mudança deve começar na base, ou seja, na necessária revisão da relação que estabelecemos com o mundo à nossa volta. Não adianta jogar na rua o sofá velho e reclamar que a prefeitura não limpa. Esse desleixo pessoal consolidou alguns cenários preocupantes em nível social. Vejamos dois deles.

Em pleno século XXI, o Brasil, que ainda está entre as dez maiores economias do mundo, ocupa uma vergonhosa 112ª colocação no ranking mundial de saneamento básico, segundo o Instituto Trata Brasil. Os dados nacionais de saneamento mostram que 50,3% da população tem acesso à coleta dos esgotos e somente 42% dos esgotos são tratados.

Questão de saúde pública devido às doenças como diarreia, leptospirose e dengue que se proliferam nas áreas carentes desses serviços básicos. Ah… é verdade… tinha esquecido: Saneamento e esgoto não dão votos!!!

Outro dado alarmante é o crescimento de 192% na emissão de CO², gases do efeito estufa, por carros e motos no Brasil entre 2004 e 2014, segundo o Instituto de Energia e Meio Ambiente. Não interessa se no Brasil o que mais provoca danos ao meio ambiente é o desmatamento, seguido pela emissão de CO² pelos motores automotivos. Nessa escala de crescimento haverá um dia não muito distante em que o carros, caminhões, ônibus e motos serão nossos maiores vilões.

Bem na contramão do que acontece na Europa em que a previsão é de que mais da metade dos veículos em circulação serão híbridos ou elétricos até 2050. Até mesmo na poluidíssima China, a venda de carros elétricos cresceu 85% no ano passado em relação a 2015.

Na Noruega, um dos maiores produtores mundiais de petróleo, base dos combustíveis fósseis, 37% dos veículos novos em circulação são movidos a eletricidade, ou seja, não emitem gases tóxicos. Isso acontece na Europa e China, por exemplo, e em outros países, devido a políticas de incentivo de produção e consumo.

Nos Estados Unidos e Japão, carros elétricose robotizados, aqueles que dispensam motoristas, começam a ser realidade. Enquanto isso, patinamos na ignorância e ficamos estacionados no séc. XIX.

É preciso virar uma importante página na história do Brasil, deixar pra trás definitivamente o patrimonialismo e pensar na importância de estimular o desenvolvimento social com base em ganhos de tecnologia.

Pavimentar a rota para um futuro de melhor qualidade de vida, implica necessariamente em saber que o ar que respiramos, a água que bebemos, o lixo que descartamos e o chão em que pisamos estão protegidos por nossa ação cidadã. Nosso direito a uma vida digna depende fundamentalmente de nosso dever em construir o país que desejamos deixar para nossos filhos.

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