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Política

Educação Sexual – Câmara derruba veto do prefeito

A Câmara de Vereadores der­rubou, na sessão desta terça-feira, 28 de novembro, o veto do prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) ao projeto de lei de Gláucia Bere­nice (PSDB) que restringe as au­las de educação sexual nas esco­las municipais de Ribeirão Preto. O assunto não foi debatido com a sociedade, não houve audi­ências públicas e os setores que representam professores e edu­cadores não foram consultados. Apesar de o Supremo Tribunal Federal (STF) já ter considerado inconstitucionais várias iniciati­vas dessa natureza, prevaleceu a vontade dos parlamentares.

Antes da votação, Luciano Mega (PDT) foi à tribuna e ex­plicou aos colegas que o projeto é inconstitucional e que a Consti­tuição da República Federativa do Brasil estabelece que a atribuição de legislar sobre educação cabe exclusivamente ao governo fede­ral. Em seguida, Jorge Parada (PT) também discursou, exibindo aos colegas uma cópia da reportagem publicada no jornal Tribuna desta terça-feira, revelando que a Câma­ra já foi alvo de 37 ações diretas de inconstitucionalidade (Adins) em 2017, número 68,2% superior ao total do ano passado (22).

Na votação, o veto do Exe­cutivo foi derrubado por 21 vo­tos a quatro. Votaram contra o projeto que impõe barreiras às aulas de educação sexual apenas quatro parlamentares – Jorge Parada, Luciano Mega, Marcos Papa (Rede Sustentabilidade) e Adauto Marmita (PR). Dois ve­readores ouvidos pelo Tribuna, que pediram anonimato, disse­ram ter ciência da inconstitu­cionalidade do projeto, mas que votaram pela derrubada do veto em busca do voto de Gláucia Be­renice nas eleições para a Mesa Diretora, no dia 14 de dezembro.

O projeto de Gláucia Berenice tem dois componentes principais. Primeiro, exige que todo conteúdo escolar relacionado à sexualidade seja aprovado antecipadamente pelos pais, o que, segundo o Sin­dicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto (SSM/RP), configura uma censura prévia ao trabalho dos professores. Segun­do, exige que os estudantes sejam educados de acordo com a crença religiosa dos pais, apesar de o STF também já ter emitido jurispru­dência a respeito, determinando que esse tipo de aula tem de ser opcional e a escola deve abranger todas as religiões.

O projeto não explica o que deve ser feito em uma classe com estudantes cujos pais professam diferentes crenças. Agora, a lei será promulgada pelo presiden­te da Câmara, Rodrigo Simões (PDT), e publicada no Diário Oficial do Município (DOM), Em seguida, automaticamente o Executivo baixará decreto deter­minado a suspensão dos efeitos da legislação até que a Adin a ser impetrada pela Secretaria Muni­cipal de Negócios Jurídicos seja julgada no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP).

Além da prefeitura, também devem ingressar com ações di­retas de inconstitucionalidade a Comissão de Diversidade Sexu­al da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Sindicato dos Servidores Municipais. O caso pode parar no STF novamente, como já ocorreu com leis aprova­das em outras cidades. E pode ser a 38ª Adin do Legislativo ribei­rão-pretano neste ano.

No feriado da Proclamação da República, 15 de novembro, cerca de quatro mil pessoas participa­ram de uma marcha na Esplanada do Theatro Pedro II. O slogan era “família educa, escola ensina”. O ato contou com a participação de pastores, padres e até do arcebispo metropolitano, dom Moacir Silva. A principal queixa de quem não concorda com a proposta é a falta de diálogo. O projeto não foi de­batido. Além da OAB e do SSM/RP, já se posicionaram contrários á lei o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, o Fórum das ONGs/Aids, o movimento LGBT e o Conselho Municipal da Educação.

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