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CÂMARA DE RIBEIRÃO PRETO – TJ/SP já recebeu este ano 37 Adins

O Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) já recebeu neste ano, em menos de onze meses, 37 ações diretas de inconstitucionalidade (Adins) contra a Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto. O ano legis­lativo ainda não terminou e o número já é 68,2% superior ao de 2016 inteiro, quando a Corte paulista recebeu 22 pedidos de revogação. São 15 a mais em 2017. Porém, algumas dessas propostas são resquícios da legislatura ante­rior que foram questionadas no atual exercício.

Em 2006, o Tribunal de Justiça deu o “bicampeonato” à Câmara de Ribeirão Preto por causa das leis inconstitucionais e emitiu um alerta para que os vereadores fos­sem mais cautelosos ao apresentar projetos com vício de iniciativa, gerador de despesas e outros cri­térios. A Comissão de Justiça e Redação – a popular Comissão Constituição e Justiça (CCJ) – da Casa e Leis ficou mais rigorosa.

Mesmo assim, é difícil barrar o ímpeto dos vereadores, prin­cipalmente com a Câmara tão renovada – dos 22 ocupantes de cadeiras entre 2013 e 2016, apenas nove foram reeleitos. Dezoito estão no primeiro man­dato, sendo que Alessandro Ma­raca (PMDB) já assumiu como suplente e Marinho Sampaio (PMDB) voltou depois de oito anos como vice-prefeito. Além disso, o número de parlamenta­res passou para 27 neste ano e o caso está sendo discutido no Su­premo Tribunal Federal (STF).

Entre os reeleitos aparece o afastado Waldyr Villela (PSD) – são 27.cadeiras e 28 salários, já que ele continua a receber o sub­sídio mensal de R$ 13,8 mil, assim como seu suplente, Ariovaldo de Souza, o “Dadinho” (PTB). Os ve­readores da atual legislatura assu­miram em 1º de janeiro, mas o ano legislativo teve início em 1º de fe­vereiro. A média mensal de Adins neste ano está em quase quatro, uma por semana, contra duas por mês de 2016 (sem contar janeiro).

A maioria das Adins partiu do prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB), contestando leis aprova­das pelo Legislativo e vetadas por ele, mas depois promulgadas pela Câmara após a derrubada do veto e publicadas no Diário Oficial do Município (DOM) com a assina­tura do presidente Rodrigo Simões (PDT) – mas não significa que ele seja o autor do projeto suposta­mente inconstitucional.

No entanto, não é só o prefeito que tem a atribuição de ingressar no Tribunal de Justiça com ações diretas de inconstitucionalidade. De acordo com a Constituição do Estado de São Paulo, têm legitimi­dade para propor Adins o Execu­tivo municipal, a Mesa Diretora da Câmara, o procurador-geral de Justiça – como ocorreu com o polêmico prêmio-incentivo dos servidores –, o Conselho da Seção Estadual da Ordem dos Advoga­dos do Brasil (OAB), as entidades sindicais ou de classe de atuação estadual ou municipal (demons­trando seu interesse jurídico no caso) e os partidos políticos com representação no Legislativo.

As 37 ações diretas de incons­titucionalidade não se referem apenas à atual legislatura, mas também à encerrada no final de 2016. Nas últimas semanas, o prefeito Duarte Nogueira per­deu duas Adins contra leis apro­vadas ano passado – uma delas determinando que a Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp) divul­gue a receita obtida com multas de trânsito e a destinação dada ao dinheiro arrecadado e outra que obriga a prefeitura a divulgar na internet os nomes de todos os funcionários terceirizados.

Nos dois casos, o Tribunal de Justiça julgou as Adins improce­dentes e a prefeitura está obriga­da a cumprir as leis. A ação dire­ta de inconstitucionalidade que provocou a maior polêmica – a que extinguiu o prêmio-incen­tivo – não foi movida pela Se­cretaria Municipal de Negócios Jurídicos, mas pela Procuradoria Geral de Justiça (PGJ). O Tribu­na tentou falar com o presiden­te da Câmara, Rodrigo Simões (PDT), na tarde desta segunda­-feira, mas não obteve retorno.

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