A dor pós-operatória é a consequência mais indesejada da cirurgia, e se não for manejada adequadamente, pode retardar a recuperação e aumentar a hospitalização. Inúmeros levantamentos continuam a revelar que dor pós-operatória é insuficientemente manejada mesmo no Primeiro Mundo e sempre deixada sozinha no Terceiro Mundo. Um levantamento norte-americano ao longo dos 20 anos, mostrou que apenas 1 entre 4 pacientes têm alívio adequado de dor pós-operatória.
Milhões de cirurgias são realizadas anualmente, necessitando do uso frequente do manejo da dor pós-operatória aguda. Há muitos tipos de cirurgias e, com poucas exceções, todas são dolorosas. Medo de dor descontrolada está entre as preocupações primárias de muitos pacientes que irão se submeter a uma cirurgia.
Um dos fatores mais importantes em determinar quando um paciente pode seguramente receber alta hospital, e que também tem uma grande influência na habilidade do paciente em assumir suas atividades normais diárias, é, certamente, a adequação do controle da dor pós-operatória. Dor é uma parte previsível da experiência pós-operatória. Dor pós-operatória não aliviada pode resultar em alterações clínicas e psicológicas que aumentam a morbidade e mortalidade, bem como, aumentam os custos e diminuem a qualidade de vida.
O manejo da dor adequado e eficaz requer um enfoque proativo usando uma variedade de modalidades de tratamentos para obter um resultado otimizado com respeito a facilitar uma rápida recuperação e retorno completo às funções diárias, permitindo uma precoce alta hospitalar, melhorando a qualidade de vida para o paciente e reduzindo a morbidade. Protocolos para o tratamento da dor pós-operatória devem ser feitos considerando as necessidades do paciente, as indicações cirúrgicas e os recursos institucionais. É importante usar técnicas de alta tecnologia eficiente combinadas com protocolos hospitalares visando uma rápida reabilitação e recuperação.
Muitas opções estão disponíveis para o tratamento da dor pós-operatória, incluindo analgésicos sistêmicos (isto é, opioides e não opioides) e técnicas de analgesia regional (isto é, neuraxial e periférica). Analgesia multimodal é alcançada combinando diferentes analgésicos que atuam por diferentes mecanismos e em diferentes locais no sistema nervoso, resultando em analgesia aditiva ou sinérgica reduzindo os efeitos adversos da administração de um único agente analgésico individual. A abordagem multimodal também se refere à aplicação concorrente de analgésicos farmacoterápicos em combinação com analgesia regional.
Avanços no conhecimento dos mecanismos moleculares associados com procedimentos cirúrgicos têm levado ao desenvolvimento da analgesia multimodal e a novos produtos farmacêuticos para tratar a dor pós-operatória.
Os riscos e a morbidade associados com procedimentos cirúrgicos têm sido substancialmente reduzidos, nas últimas décadas, primariamente, por causa dos melhoramentos na preparação do paciente para a cirurgia e, também, devido à grande evolução nas técnicas cirúrgicas e anestésicas durante a operação. Uma das mais impressivas mudanças tem sido a introdução da cirurgia minimamente invasiva. Esses desenvolvimentos têm também contribuído para aumentar o uso de contextos ambulatoriais e semi-ambulatoriais para procedimentos cirúrgicos. Apesar destes melhoramentos, grandes procedimentos cirúrgicos continuam sendo acossados com complicações “medicas” bem conhecidas, incluindo infarto do miocárdio, delírio, disfunção pulmonar, tromboembolismo, infecções, fadiga e convalescença prolongada.
Progresso adicional nos desfechos pós-operatório pode requerer mais atenção à patogênese das complicações pós-operatórias comuns e uma atenção mais focada sobre o último período pós-operatório (1-4 dias) no qual, usualmente, ocorre o pico de incidência das complicações.