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A indignação dos indignados

As informações chegam a qualquer canto do planeta, quase que instantaneamente, mas isso não quer dizer temos mais conhecimentos. Informação e conhecimento nem sempre convergem para a mesma finalidade, o conhecimento está relacionado à busca do saber, já a informação é disseminada de forma livre, sem a preocupação inicial com a verdade, e as redes sociais fazem o seu papel social.

O conhecimento é uma construção para a vida, que vai do início ao fim da jornada por este mundo, e a escola básica pública tem papel importantíssimo na formação do cidadão. Mas, por motivos ideológicos, e de uma política de Estado voltada para o atraso da população mais pobre – estamos enxugando gelo.

Ouvindo uma palestra apresentada pela dirigente regional de Educação de Ribeirão Preto e sua equipe técnica, destinada a estudantes de pedagogia, na qual foi apresentado um rico material didático demonstrando que no papel a educação de São Paulo é a melhor educação básica do mundo. Acontece que todas as maravilhas que são apresentadas para a educação básica, não conseguem transpor as portas das salas confortáveis do palácio do governo, da Secretaria de Educação e suas diretorias, e no mesmo diapasão vão as secretarias municipais de educação.

Há um abismo entre o que se escreve nas leis e resoluções, e o que acontece na realidade do chão da escola.O modelo de família atual não é o mesmo do passado, mas isso ainda não foi observado pelas “autoridades” de plantão. A construção democrática do capítulo educação da nossa Constituição, não foi o suficiente para conseguir materializar depois de vinte e nove anos essa ideia no ambiente escolar.

Mas tudo é uma questão ideológica e de sofisma. O Brasil assinou em 1984 um acordo com a UNESCO, no qual receberia repasses financeiros para a erradicação do analfabetismo, e melhorar a qualidade do ensino, acabando com a evasão escolar e diminuindo drasticamente a repetência, e a valorização do quadro do magistério. No entanto passaram-se dez anos da assinatura do acordo, e o quadro de abandono e descaso com a educação continuava o mesmo.

A UNESCO então resolveu condicionar os repasses financeiros (que não eram poucos) a apresentação de resultados positivos na educação básica – ai a velhacaria entrou em ação. Como na maioria dos estados brasileiros os índices da educação eram péssimos começaram de maneira ardilosa a criar índices que só existiam no papel, e nisso eles são competentes.

Como o Brasil é prodigo em teóricos da educação básica, não tiveram duvidas em usar essas ideias para alicerçar seus sofismas. Foi do Estado de São Paulo, o mais rico da federação a ideia brilhante de se implantar a Progressão Continuada, que era uma ideia excelente, mas que foi apequenada pela politicanalha de políticos sem escrúpulos. E foi nesta nuvem de fumaça intoxicante que o Brasil apresentou para a UNESCO uma melhora radical nos índices da educação básica.

A Progressão Continuada dividia o aprendizado em ciclos, em que os alunos seriam avaliados constantemente, e recebendo reforços no contra turno, quando necessário, mas estas informações não chegaram ao chão da escola. E como as escolas não tinham as orientações necessárias – interpretaram a sua maneira a resolução. Aquela avaliação continua e constante, passou a ser quadrienal, com os alunos progredindo de série em série totalmente analfabetos. Mas para o mundo havíamos evoluídos.
Criaram o mostro e não sabem como controla-lo, e agora querem impingir a culpa dos seus maus caratismos políticosnas crianças e suas famílias. A indignação é a arma dos indignados!

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