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Expedição – Aposentado vai percorrer dez mil km a pé

Morador de Jardinópolis deve levar 500 dias para percorrer todo o litoral brasileiro

Saltando sete ondas, estourando champanhe, jantar ou churrasco com amigos e parentes. Enquanto a maioria planeja como será o réveillon 2017, um morador de Jardinópolis tem planos bem diferentes para a passagem do ano. O aposentado Edson Sorrentino, de 58 anos, estará se preparando para iniciar uma jornada de mais de 500 dias e percorrer todo o litoral brasileiro.

O projeto, denominado Expedição Litorânea, consiste em caminhar os mais de dez mil quilômetros do litoral brasileiro, com início em Barra do Chuí (RS), no extremo sul do país e divisa com Uruguai. A chegada, mais de um ano depois – expectativa de 500 dias – será no Amapá, em Cabo Orange, no extremo Norte, fronteira do Brasil com a Guiana Francesa.

O Brasil é o quinto maior país do mundo em extensão territorial, com 8.514.876 quilômetros quadrados. O país possui um litoral com 7.367 quilômetros, banhado a leste pelo Oceano Atlântico. O contorno da costa brasileira aumenta para 9,2 mil quilômetros se forem consideradas as saliências e reentrâncias do litoral.

“Há muitos anos venho praticando caminhada, escalada e atividades ligadas à natureza. Já realizei muitas caminhadas nacionais e internacionais. Sempre quando voltava pensava que poderia fazer uma grande trilha, que levasse dias para ser percorrida, como a que existe em outros países”, diz o aposentado.

“Por gostar de historia brasileira e geografia idealizei uma trilha continua pelo nosso litoral, por diversos motivos, seria praticamente plana, pois a geografia proporcionaria isso, teria muitas historia, a nossa colonização começou no litoral, existem muita cultura e folclore no litoral. E finalmente um grande objetivo com um grande desafio, cruzar o país de ponta a ponta ligando os extremos”, explica Sorrentino.

A previsão inicial é de 500 dias de caminhada, mas pode ser mais. Segundo Sorretino, isso dependerá de vários fatores como percurso, segurança, ou mesmo problemas familiares. O aventureiro pretende caminhar 25 quilômetros em média por dia, com uma margem de cinco quilômetros para mais ou menos.

No percurso ele fará a própria alimentação, matinal e noturna, com um pequeno fogareiro a gás. Durante o dia vai se alimentar com barras de proteínas e frutas. Invariavelmente utilizará bares, restaurantes e barraquinhas (onde houver), para se alimentar.

Os pernoites serão feitos em camping selvagens ou organizados, levando em consideração a segurança pessoal e disponibilidade na região. Para isso usará uma pequena barraca, que pesa menos de dois quilos e às vezes uma rede leve, de fácil instalação, para descanso durante o dia, ou mesmo pernoite em terrenos irregulares ou entre dois coqueiros, “um luxo que caminhantes encontram em muitas praias do nordeste”.

Edson Sorrentino é minimalista, e terá como casa sua mochila cargueira, com peso aproximado de 20 kg, onde carregará equipamentos necessários para sua sobrevivência em todas as situações. “O conforto será mínimo, mas o prazer será imenso”, diz.

Fotos: Arquivo Pessoal

Edson Sorrentino pretende percorrer dez mil quilômetros a pé em 500 dias: vai passar o Ano-Novo longe de casa, em Jardinópolis

Sorrentino pratica excursionismo, montanhismo e escalada em rocha e gelo há 30 anos

Ele já escalou a maioria das montanhas com mais de 2.000 metros no Brasil

Em 1993 ele escalou o Monte Aconcágua, na Argentina, em 1996 foi a vez do Mont Blanc, na França, e no mesmo ano fez o Monte Kilimanjaro, na Tanzânia

Edson Sorrentino já viajou para vários países

Gasto de R$ 50 todo dia

Um dos objetivos do expedicionário é Edson Sorrentino gastar em média R$ 50 por dia, já incluído alimentação, camping, outros. O que não gastar num dia, economiza para os dias seguintes. Outro objetivo da expedição é conhecer as praias brasileiras, as cidades litorâneas, o povo, costumes, folclore, museus, faróis e fortes.

Experiência – Sorrentino pratica excursionismo, montanhismo e escalada em rocha e gelo há 30 anos. Ele fez cursos na área de excursionismo e esporte de aventura. Sua primeira grande aventura foi escalar o Pico da Neblina(2.995 m) em 1988, que segundo ele não foi difícil escalar, o maior problema foi caminhar pela floresta amazônica, e depois pelo platô encharcado e cheio de bromélias, na aproximação da base da maior montanha do Brasil.

Nos anos seguintes escalou a maioria das montanhas com mais de 2.000 metros no Brasil. Em 1993 escalou o Monte Aconcágua (6.962 m),que fica na Argentina (maior montanha das Américas), em 1996 escalou o Mont Blanc (4.808 m) na França (maior montanha da União Europeia) e no mesmo ano fez a “escalaminhada” do Monte Kilimanjaro (5.895 m), na Tanzânia (maior montanha da África).

Em 1995 deu a volta completa na Ilha Bela, a pé em 9 dias, em 1997 deu a volta completa na Ilha de Santa Catarina, a pé em 12 dias. Em 1998 fez curso de escalada em gelo na Bolívia e lá escalou diversas montanhas com mais de 5.000 metros de altura. Nos anos seguintes vem realizando diversas caminhadas por parques nacionais, estaduais e reservas, as conhecidas “Travessias Clássicas”, por mais de uma vez.

Parou de escalar porque ao chegar a temperaturas negativas, ele perde completamente a sensibilidade nos dedos dos pés e das mãos-, problema decorrente das baixíssimas temperaturas, nas altas montanhas que escalou-, e descobriu que está com rompimento nos músculos dos ombros direito e esquerdo. Mas isso não o impediu de andar e será exatamente isso que fará em 2018, na Expedição Litorânea.

“Por ter essa grande experiência em caminhada o planejamento foi tranquilo e constante neste último ano. A maioria dos equipamentos eu já possuía”, explica. Todo o gasto será custeado do próprio bolso. “Ate o momento não temos patrocínio”, diz.

Ele pretende fazer a expedição sozinho, mas deverá ter a companhia de amigos e parentes, ou alguém que se habilite a acompanhá-lo nos diversos trechos do litoral.

“Em alguns trechos meus filhos, irão me acompanhar, minha esposa estará comigo em alguns pontos já definidos no trajeto. No passado já senti muito a falta da família, pois não existia internet, celular e whatsapp, hoje já fica mais fácil. Acredito que temos que realizar nossos sonhos e devemos nos esforçar para isso, a família deve colaborar e incentivar tudo que é edificante e honesto”, ressalta.

“Caso alguém queira caminhar algumas horas, um ou dois dias, ou vários dias é só entrar em contato”, convida. A aventura poderá ser acompanhada à distância pela página Facebook.com/expedicaolitoranea/.

      

 

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