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CCJ derruba projeto da OS

A administração Duarte No­gueira Júnior (PSDB) sofreu um forte revés na noite desta quinta­-feira, 26 de outubro. Para muitos, foi uma de suas principais derrotas na Câmara de Vereadores. Com parecer contrário da Comissão de Justiça e Redação – a popu­lar Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) –, o projeto de lei complementar que autorizava a prefeitura de Ribeirão Preto a qualificar como organizações sociais (OS) fundações, associa­ções e sociedades de direito pri­vado não foi à votação.

O projeto em questão era considerado de fundamental importância para os planos da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), que já havia anunciado a intenção de celebrar convênio com a Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência (Faepa), que administra o Hos­pital das Clinicas de Ribeirão Preto, para que administrasse a Unidade de Pronto Atendimen­to (UPA) da rua Cuiabá, no Su­marezinho, na Zona Oeste.

Sem a aprovação do proje­to, a SMS não poderá celebrar o aguardado convênio, colocan­do em risco o plano de abrir a UPA Sumarezinho (cujo prédio está pronto desde o final do ano passado) até meados do ano que vem. Segundo a proposta, a Fa­epa receberia R$ 1,8 milhão por mês e disponibilizaria 70 profis­sionais de saúde para a unidade.

O secretário municipal da Saúde, Sandro Scarpelini, partici­pou de uma reunião fechada com vereadores na Câmara, na tarde de ontem, e explicou que, em ja­neiro, a administração gastava R$ 2 milhões com cada uma das qua­tro distritais da cidade – as Uni­dades Básicas Distritais de Saúde (UBDSs) Central, da Vila Virgínia e do Quintino Facci II e a UPA da Treze de Maio. O plano da pasta é ceder o prédio do popular Pronto­-Socorro Central para a instalação de um Ambulatório Médico de Especialidades (AME) e, com a UPA da Cuiabá, manter o número atual de unidades de pronto-aten­dimento 24 horas (quatro).

As despesas dos AME serão bancadas pelo Estado. No entan­to, antes da UBDS do Sumarezi­nho ser transformada em UPA, a cidade tinha cinco distritais, uma para cada região, como de­termina a Lei Orgãnica do Mu­nicípio (LOM). A maioria dos vereadores é contra a cessão do prédio da UBDS Central.

O projeto de lei complemen­tar nº 66/17 entrou na pauta de ontem depois que os vereadores aprovaram o pedido de urgên­cia especial na sessão de 19 de outubro. No entanto, Lincoln Fernandes (PDT), indicado re­lator do projeto na CCJ, deu parecer contrário, o que obrigou a retirada da pauta de votações.

Fernandes destaca que seu parecer é eminentemente técnico e que o projeto enviado pelo Exe­cutivo tem inúmeras falhas. “Para começar, o projeto não traz a pre­visão de incorporação dos bens e legados da organização social, caso a mesma seja extinta”, destaca o ve­reador. Ele cita outras falhas – não prevê o princípio de comprovação de qualidade técnica, ferindo o da isonomia e moralidade; dispen­sa licitações, obrigatórias pela lei 8.666/93; e não passou pelo Con­selho Municipal de Saúde, como exige a lei municipal nº 12.929/12.

Em seu parecer, Lincoln Fer­nandes argumenta que “mais que meras inconstitucionalidades, es­sas afrontas contidas no projeto da lei das organizações sociais propi­ciam a má utilização de dinheiro, bens públicos, má gestão de ser­vidores e favorece a ocorrência de favoritismo por parte do poder Público para com particulares”.

Com o parecer contrário da Comissão de Constituição e Jus­tiça, resta à prefeitura a alternativa de entrar com recurso na própria CCJ, para o qual são necessárias as assinaturas de 14 vereadores. Se o recurso for aceito, o projeto volta para a pauta de votações. Em princípio, a base governista e aliada tem o apoio necessário, pois uma vez que na semana passada o pe­dido de urgência especial foi apro­vado por 13 votos a dez – o tucano Maurício Gasparini não partici­pou, pois estava em São Paulo.

Questionada pelo Tribuna so­bre o parecer contrário da CCJ, que impediu a votação do projeto, a Coordenadoria de Comunicação Social da prefeitura informou que “o parecer contrário da Comissão de Constituição e Justiça será en­viado à Secretaria Municipal de Negócios Jurídicos para análise”. O Sindicato dos Servidores Mu­nicipais de Ribeirão Preto (SSM/ RP) já havia dito que era contra a proposta. A entidade defende a realização de concurso público para contratação, mas a adminis­tração alega que já está perto do limite prudencial da Lei de Res­ponsabilidade Fiscal (LRF).

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