Tribuna Ribeirão
Política

Senado derruba decisão do STF de afastar Aécio Neves

O Senado decidiu nesta terça-feira derrubar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de afastar do mandato o senador Aécio Neves (PSDB­-MG). Deste modo, o tucano também fica liberado do reco­lhimento domiciliar noturno. Foram 26 votos a favor e 44 contra manter as medidas cau­telares determinadas pelo STF.

Para manter ou derrubar a decisão da Corte, eram necessá­rios 41 votos (maioria absoluta) a favor ou contra, segundo novo entendimento do parágrafo 2º do artigo 53 da Constituição.

O presidente do Senado, Eu­nício de Oliveira, prolongou o tempo de votação para que o líder do PSDB, Paulo Bauer (SC) – um dos principais articuladores da defesa de Aécio – pudesse chegar ao plenário para votar a favor do aliado. Bauer foi hospitalizado hoje após ter um pico de pressão ao sair de uma reunião na casa do presidente do Senado.

Após passar duas semanas internado no hospital Sírio Li­banês, em São Paulo, por uma diverticulite aguda, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), interrompeu a licença médica para votar a favor de Aécio. Na tribuna, Jucá disse que não existe democracia sem um “mandato inviolável” dos parlamentares.

“Quis Deus que tivesse a saúde, para depois de operado, estivesse aqui para falar como úl­timo orador. O primeiro orador, Jader, registrou o dever que tinha como senador da República de se posicionar. Temos o direito de fazer isso por privilégio? Não. Temos o direito de fazer isso pela democracia, pela defesa do man­dato inviolável. Sem mandato inviolável, não há democracia que se sustente. E a democracia é o regime dos direitos”, disse Jucá, ressaltando: “Não estare­mos passando a mão na cabeça de ninguém. Só queremos dizer que o senador Aécio não pode ficar afastado do seu mandato por uma decisão de três, de uma Turma (do Supremo).
O senador Ronaldo Caia­do, que caiu de mula no final de semana, também suspendeu a licença médica e foi de cadeira de rodas ao Senado. Ele, porém, votou pela manutenção das me­didas contra o tucano.

Denunciado por corrupção – Em junho, Aécio Neves foi de­nunciado por corrupção passiva e obstrução de Justiça, revelados pela delação dos donos e executi­vos da JBS. O senador tucano foi gravado pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, pedindo R$ 2 milhões, alegando que seria usado em sua defesa na Lava Jato.

Dias depois, a Polícia Fede­ral flagrou Frederico Pacheco, primo do senador, recebendo R$ 500 mil de um dos execu­tivos da empresa. Frederico chegou a ser preso, junto com a irmã de Aécio, Andrea Neves, na Operação Patmos.

Segundo a Procuradoria­-Geral da República, o paga­mento foi feito em espécie, em quatro parcelas de R$ 500 mil cada, entre 5 de abril e 3 de maio, por meio de Frederico e Mendherson Souza Lima, as­sessor parlamentar do senador Zezé Perrella (PMDB-MG)

De acordo com a denúncia, Aécio também tentou atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, na medida em que em­preendeu esforços para interferir na distribuição dos inquéritos da investigação no Departamento de Policia Federal, pressionou para a substituição de Osmar Serraglio por Torquato Jardim no Ministério da Justiça e articulou a anistia do crime de caixa dois, que acabou não sendo aprovado, e a aprovação de projeto que tra­ta do abuso de autoridade, como forma de constranger Judiciário e Ministério Público.

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