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Uma heroína dos dias atuais…

O brasileiro aprendeu a tratar e reverenciar como “heróis” os jogadores de futebol bem sucedidos, os astros do cinema e da tevê, os participantes dos reality shows (tipo “Big Brother Brasil”) e todos aqueles bem sucedidos em atividades, não raro rotineiras. Dentro desse quadro de anormalidade avulta, entretanto, a professora Heley de Abreu Silva Batista, que vivia em Janaúba, a 547 quilômetros de Belo Horizonte (MG) até quando o segurança de uma creche, Damião Soares Santos, jogou combustível sobre a garotada e em si próprio, ateando fogo em todos.

Heley estava com os alunos no pátio e entrou numa luta corporal com ele. Conseguiu salvar alguns alunos, passando-os pela janela. Damião morreu no mesmo dia; Heley, um dia depois dele, com 90% do corpo queimado. Pouco se sabe sobre ela. Tinha 43 anos, era da Pastoral Familiar, dava cursos para noivos e fazia trabalhos voluntários; era mãe de três filhos, sendo o mais novo de apenas 1 ano.
Provavelmente, assim como agora é lembrada, logo será esquecida porque a galeria de salvadores de crianças no Brasil está ocupada por falsos moralistas que inventam riscos e espalham o terror quando seriam os primeiros a correr diante do perigo real por ela encarado e pelo qual morreu. Ela estava todos os dias com aquelas crianças e quando o mal surgiu, defendeu-as de maneira corajosa e altiva.

Heley já havia perdido o filho mais velho, afogado na piscina de um clube, há cerca de doze anos. Segundo uma de suas colegas de magistério, “ela amava todas as crianças como se fossem filhas delas”. Já a mãe dela, dona Valda Terezinha de Abreu, lembra que em toda sua vida ela foi assim “uma mulher sem medo de nada, que enfrentava qualquer parada. Era da natureza dela. Ela foi uma heroína por ter salvado essas crianças; já estava queimada e insistia em tirar as crianças. Acho que ela salvou a maioria. É a força que Deus deu para ela, de ter essa coragem. Só Deus mesmo, sabe?”.

Além de Heley e do próprio segurança, nove crianças do Centro Municipal de Educação Infantil Gente Inocente – todas, efetivamente, inocentes – morreram nessa tragédia inominável… Entre os colegas de profissão, ficou a lembrança de uma guerreira, sempre cuidando dos alunos com muita dedicação. Muito justa, portanto, a decisão do presidente da Republica, Michel Temer, de lhe conceder, postumamente, a Ordem Nacional do Mérito, uma das mais importantes honrarias distribuídas pelo governo do Brasil.

Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República informou que essa homenagem é concedida a pessoas que deram exemplos de dedicação e serviço ao País e à sociedade brasileira. “[Como] a professora Heley Batista, que sacrificou sua própria vida para salvar a vida de seus alunos, em um gesto de coragem e de heroísmo que emocionou a todos”. Realmente, uma verdadeira heroína dos dias atuais, merecedora de enorme gratidão pelo amor ao próximo e pelo seu desprendimento…

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