Tribuna Ribeirão
Geral

Com o carro na garagem

Fabiano Ribeiro

Um levantamento enco­mendado por uma empresa do ramo de alimentação, em agos­to de 2017, com 1.202 pessoas em todo o Brasil, revela que 69% dos entrevistados muda­ram seus hábitos de transpor­te após a crise financeira, que teve início em 2014 e ainda afeta a economia nacional – 13 milhões de desempregados, falta de investimento, descon­fiança etc. Para cortar gastos, quando o assunto é transporte, o levantamento aponta que a principal alternativa para se deslocar pela cidade é andar mais a pé (24,4%).

Depois, aparecem a utili­zação do transporte público (21,5%), locomover-se menos (19,4%), andar de bicicleta (17,1%), usar mais táxi, Uber ou outro serviço semelhante (9,9%) e pegar mais carona (7,7%). Nos últimos seis me­ses, 73,5% dos entrevistados também sentiram um au­mento nos gastos com trans­porte (combustível; passa­gens de ônibus; metrô, trem e ônibus; ou táxi).
Durante o período, o gas­to com combustível foi o que mais aumentou para 65,70% dos entrevistados, seguido por transporte público (31%) e táxi (3,30%).

Ainda segundo o levantamen­to, caso a crise continue impactan­do nos hábitos de transporte do brasileiro, os entrevistados de­clararam que as duas principais alternativas para se locomover na cidade serão andar mais a pé (48,4%) e utilizar mais transpor­te público (47,1%).

Além disso, alguns tam­bém pretendem utilizar mais a bicicleta (38,5%), planejar melhor a rota do trabalho para economizar no combustível (36,1%), aderir à carona soli­dária (25,2%) ou andar de táxi (4,5%). A jornalista Daniela Antunes trocou o carro por an­dar a pé, usar o transporte pú­blico ou mesmo o Uber. Segun­do ela, a troca foi por um acaso.

“Eu tive carro por 20 anos e nunca me imaginei sem. Ano passado troquei meu velho Cel­ta (Chevrolet) por um velho Honda, aparentemente a melhor aquisição do mundo. Mas não. Fiz uma compra errada, vendi o Civic e fiquei a pé. Seria por um período, mas fui me adaptan­do. Usei por alguns meses um Volkswagen Fusca, outra coisa que não imaginava: andar em um carro sem seguro”, diz.

“Aí, ele quebrou e devolvi para a dona. O motivo? Vi que é mais prático e barato resolver as coisas com Uber, 99, táxi e trans­porte público. É o que eu faço. O carro proporciona indepen­dência e autonomia, mas a gente aprende a ter essas mesmas coisas usando outros meios de trans­porte”, conta Daniela Antunes.

A jornalista diz que o lado ruim da história é que o transporte público em Ribeirão Preto é defi­citário. “São poucas linhas, e para uma cidade tão quente quanto a nossa, não ter ar condicionado nos ônibus é um desrespeito. Em São Paulo, bem mais fresco, tem. Mas, para que colocar climatiza­ção em ônibus, né?”, ironiza. “Nas grandes cidades do mundo (São Paulo e Rio de Janeiro são gran­des cidades), as pessoas se loco­movem assim por praticidade e ninguém acha estranho. Agora, eu também não acho”, completa.

O administrador e empresá­rio Arthur Rizzo Soares utiliza a bicicleta como meio de transporte esporadicamente, mas pretende trocar o carro pela “magrela” pelo menos uma vez por semana. Se­gundo ele, o motivo é saúde. “Que­ro deixar, no início, pelo menos uma vez por semana o carro em casa, mas é por qualidade de vida. Ao mesmo tempo, ajudo a redu­zir a poluição e ajudo a diminuir o número de carros nas ruas. Por tabela, economizo”, diz.

“O ideal seria pelo menos duas vezes, mas tenho com­promissos, reuniões e andar pela cidade com computador e de bike fica inviável. Vou me programar para uma vez por semana, no dia anterior deixo minhas roupas aqui (local de trabalho), meu computador e só venho e volto de bike. Nesse dia, agendo as coisas para o es­critório. São 26 quilômetros de ida e volta”, completa.

Arthur Rizzo Soares diz não se preocupar em dividir as ruas com carros e motos. “Tenho experiência em pedalar, meu re­ceio é com relação à segurança, aos assaltos”, finaliza. (A pesqui­sa citada foi encomendada pela Sodexo Benefícios e Incentivos).

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