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… E a malandragem tomou conta do Brasil!!

É uma triste verdade: a malandragem tomou conta do Brasil… A imprensa noticiou, recentemente, com destaque, o fato de o governo federal ter dado início a um “pente-fino” no Benefício de Prestação Continuada, destinado aos deficientes de baixíssima renda, que resultou na descoberta de 60 mil benefícios irregulares. O cancelamento destas irregularidades possibilitou, aos cofres públicos, uma economia de R$ 670 milhões.

O Ministério do Desenvolvimento Social descobriu, entre tais irregularidades, 17 mil pagamentos a pessoas que já morreram; esse absurdo totalizou R$ 190 milhões por ano, agora cancelados. Também, nesta investigação, foram identificadas 43 mil pessoas que receberam o recurso mesmo possuindo renda superior ao valor fixado para ter direito ao programa.

O programa atende hoje quase dois milhões e quinhentos mil deficientes e quase dois milhões de idosos ao custo de R$ 50 bilhões. Desde 2008, entretanto – numa falha dos seus próprios gestores – esse programa não era fiscalizado, daí a proliferação desses descalabros.

As fiscalizações do governo federal estão atingindo, agora, programas como auxílio-doença, bolsa família e aposentadoria por invalidez; essa fiscalização já gerou uma receita adicional de R$ 7 bilhões.

Infelizmente, estamos vivendo uma época em que – incentivada pela própria sociedade de consumo na qual estamos inseridos – grande parte da população quer levar vantagem a qualquer custo, colocando de lado os valores morais e éticos nos quais deveriam basear suas vidas para aproveitar toda e qualquer oportunidade lícita ou ilícita.

É preciso urgente uma reação dos brasileiros inconformados com essa situação vergonhosa; cabe-lhes exigir dos nossos governantes, responsáveis pela administração pública, rigor nas fiscalizações de modo a não permitirem a continuidade dessa roubalheira.

Frente a esta situação, podemos dizer ser bem atual o poema de Rui Barbosa, candente em sua indignação cívica:

“Sinto vergonha de mim, por ter sido educador de parte desse povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade e por ver este povo já chamado varonil enveredar pelo caminho da desonra. Sinto vergonha de mim, por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente, a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula mater da sociedade, a demasiada preocupação com o “eu” feliz a qualquer custo, buscando a tal “felicidade” em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim, pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos “floreios” para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre “contestar”, voltar atrás e mudar o futuro. Tenho vergonha de mim, pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer.

Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. Não tenho para onde ir, pois amo este meu chão, vibro ao ouvir meu hino e jamais usei a minha bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade. Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!”.

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