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Não escrever e não interpretar no ensino superior

Pesquisa identificando que 38% dos estudantes de ensino superior não dominam habilidades básicas de leitura e escrita, não conseguindo entender o que leem e tampouco conseguindo fazer relações com as informações que recebem, suscita questões do tipo “O quão brilhante um indivíduo precisa ser para lidar com o conteúdo programático ministrado na universidade?”; “Qual é a competência da universidade em fornecer um conhecimento básico e comum a todo cidadão?”; “As universidades estão se tornando obsoletas no cenário educacional contemporâneo?”; “Qual é a superioridade real do ensino superior?” e “Até que ponto um grau universitário identifica cidadãos de ‘primeira’ classe no mercado de trabalho?”. O grande objetivo dos trabalhos nesta área é, portanto, responder estas questões.

A importância conferida ao leitor como última instância, ou seja, que concretiza a assimilação dos textos lidos, data do final de 1960 e início da década de 1970, por ocasião do surgimento, na Alemanha Ocidental, da Estética da Recepção. Nesta época, as técnicas de análise de texto, então vigentes, foram consideradas desinteressantes pelos adeptos da nova teoria, por enfatizarem a análise de conteúdo de uma obra sem relacioná-lo ao momento histórico e tão pouco refletir sobre as diferentes expectativas do público que o recebia. Meio século depois, a competência cognitiva individual e/ou da população, em âmbito nacional, associada a diferentes indicadores, demonstra que tal competência associa-se, significativamente, a uma grande variedade de atributos sociais, econômicos, educacionais, políticos, geográficos, epidemiológicos, tecnológicos e de saúde.

Ao longo dos últimos cinquenta anos, crescente volume de pesquisas tem demonstrado que considerar a qualidade da educação, mensurada, substancialmente, pelas habilidades cognitivas, aumenta a avaliação do papel da educação no desenvolvimento econômico. Ignorar as diferenças cognitivas na qualidade educacional, portanto, negligencia, e omite, a real importância do elemento-chave da educação para o desenvolvimento econômico da nação: as habilidades cognitivas. Avanços tecnológicos recentes, geradores de profundas mudanças sociais no Brasil, constituíram uma nova elite cognitiva no país. Nesta, indivíduos extremamente capazes em lidar com complexidades, localizados no topo da distribuição das habilidades cognitivas, migram, transformando tanto o lugar por eles deixado, quanto o lugar por eles buscado.

A criação de novas funções, requerendo grande e variada habilidade de lidar com a complexidade, requisitou que trabalhassem no máximo de suas mentes e que aprendessem cada vez mais. Qual a importância disso? A noção de cognição, inteligência e leitura dever ser mais bem explorada pelos educadores, assim como, estes deverem reconsiderar o poder oferecido pela habilidade cognitiva geral, a qual é, por si só, susceptível às influências educacionais.

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