Por Daniel Batista
Conselheiros do Corinthians tiveram acesso a uma auditoria contratada pelo clube para auditar o Itaquerão, e um dos pontos revelados pelo estudo é o fato de a obra ainda custar mais R$ 1,338 bilhão, considerando juros e encargos até agosto (de 2017) e descontando o valor dos Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CIDs). Sem os CIDs, o valor sobe para R$ 1,8 bilhão. Além disso, a Odebrecht deixou de fazer R$ 150 milhões em obras e deveria pagar uma multa de R$ 22 milhões pelo atraso na entrega do estádio.
O documento feito pela Claudio Cunha Engenharia e Construções foi apresentado aos conselheiros do Corinthians na noite da última segunda-feira. Segundo a auditoria, além da multa, a construtora ainda deveria pagar também por reparos feitos na obra no valor de R$ 60 milhões. Assim, o clube teria um crédito de R$ 230 milhões.
Em alguns setores em que a obra não foi finalizada, o Corinthians tem dificuldade em realizar eventos ou fazer algum tipo de negócio no local. A auditoria aponta que o prejuízo do clube chega aos R$ 100 milhões por causa de obras inacabadas em camarotes e outros setores da arena.
Caso o Corinthians consiga vender todos os CIDs, deve arrecadar algo em torno de R$ 454 milhões. CIDs são títulos comprados por empresas para abater o valor pago com impostos municipais. Os papéis foram emitidos pela prefeitura como contrapartida de benefícios para a economia da Zona Leste e pela abertura da Copa
O valor seria um alívio para as contas do clube, mas o Corinthians tem muitas dificuldades para vender os CIDs. A auditoria sugere que o clube negocie com a Odebrecht ceder os papéis para a construtora como forma de abater parte da dívida, que está na casa de R$ 976 milhões.
O Corinthians negocia com a Caixa o refinanciamento da dívida da arena. Hoje, todo o valor arrecadado no estádio vai para o fundo criado para pagar a obra. A ideia da diretoria corintiana é conseguir ficar com parte do dinheiro arrecadado, seja pela renda de bilheteria dos jogos ou eventos realizados na arena, para a utilização em outros setores, como contratação de jogadores, investimentos no clube, dentre outros.
A Odebrecht disse desconhecer o resultado da auditoria e que não recebeu qualquer documento sobre o assunto. A construtora ainda voltou a afirmar, que não deixou obras inacabadas. Apenas tinha um valor máximo de obras, R$ 985 milhões, e que o arquiteto e o próprio Corinthians solicitaram mudanças no projeto inicial e essas alterações fizeram alguns itens custarem mais do que estavam planejados. O clube decidiu não realizar o que estava faltando, pois o valor da arena seria ainda maior.