O ex-ministro Antonio Palocci se adiantou ao procedimento de expulsão iniciado pelo PT na semana passada e decidiu pedir para sair do partido.
Em uma carta de quatro páginas à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, Palocci diz que decidiu colaborar com a Justiça e sugeriu que o PT adote o mesmo caminho. O ex-ministro aproveitou para atacar o ex-presidente Lula:
“Até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do “homem mais honesto do país” enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto (!!!) são atribuídos a Dona Marisa? Afinal, somos um partido sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?”, escreveu Palocci.
O ex-prefeito de Ribeirão Preto e ex- ministro nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (Economia e Casa Civil)- já respondia a um processo passível de expulsão, iniciado na semana passada pelo conselho de ética do diretório municipal da agremiação.
Na sequência, a Executiva Nacional do partido decidiu suspender o ex-ministro Antonio Palocci das atividades partidárias por 60 dias. A decisão foi tomada sem divergência na sexta-feira (22) em reunião em São Paulo. A decisão de deixar o PT se deu exatamente no dia em que Antonio Palocci completou um ano de prisão.
Palocci se tornou alvo do processo na comissão de ética de Ribeirão Preto, do diretório petista ao qual é filiado, depois de ter acusado o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de terem feito um “pacto de sangue” com a Odebrecht que envolveria um “pacote de propinas” de R$ 300 milhões. O ex-ministro dos governos Lula e Dilma deu tais declarações em interrogatório de processo da Operação Lava Jato no qual ele e o ex-presidente são réus, no dia 13 de setembro.
Menino prodígio – Antônio Palocci Filho, médico sanitarista formado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP), foi considerado o “menino prodígio” do Partido dos Trabalhadores (PT). Foi um dos fundadores do Diretório Municipal de Ribeirão Preto, em 1981. Militou em diversas correntes radicais de esquerda, destacando-se a sua participação na “Libelu”, trotskista. Foi eleito vereador em 1988, assumiu em 1989, mas deixou o cargo no final de 1990, já eleito deputado estadual.
Também não cumpriu o mandato na Assembleia Legislativa (Alesp): em 1992 foi eleito prefeito de Ribeirão Preto pela primeira vez – exerceu a função entre 1993 e 1996, o único mandato completo do petista. Ganhou projeção nacional neste período, quando negociou, na Bolsa de Valores, 49% das ações das Centrais Telefônicas de Ribeirão Preto (Ceterp), em 1995 – os 51% restantes foram vendidos em 1999 pelo tucano Luiz Roberto Jábali.
A reeleição ainda não havia sido instituída no Brasil em 1996 e, em 1998, foi eleito deputado federal pela primeira vez – neste período, entre 1997 e 1998, foi presidente do Diretório Estadual do PT paulista. Também não cumpriu o mandato de deputado. Em 2000, voltou a ser escolhido para comandar a Prefeitura de Ribeirão Preto. Assumiu em 2001 e, no final de novembro de 2002, deixou o cargo par coordenar a equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Foi ministro da Fazenda entre 1º de janeiro de 2003 a 27 de março de 2006 durante o primeiro mandato de Lula. Assumiu o segundo mandato de deputado federal em 1º de fevereiro de 2007, licenciando-se, a partir de 1º de janeiro de 2011, para ser ministro-chefe da Casa Civil durante o primeiro mandato da ex-presidente Dilma. Ficou no cargo até 7 de junho de 2011. Não fosse o escândalo envolvendo o caseiro Francenildo Santos Costa e a “República de Ribeirão Preto”, Palocci seria o candidato do PT à Presidência da República em 2010, e não Dilma Rousseff.
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