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Alcatrazes para o ecoturismo

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversida­de (ICMBio) abre para visitação pública mais uma unidade de conservação, fortalecendo o eco­turismo na região norte de São Paulo. Pouco conhecido e com forte potencial turístico, o Refú­gio de Vida Silvestre (RVS) do Arquipélago de Alcatrazes, locali­zado em São Sebastião, no litoral norte, será aberto para atividades de mergulho recreativo e passeio embarcado para observação da fauna a partir do ano que vem.

A solenidade para anunciar a liberação do arquipélago ao turismo ocorreu em 13 de setem­bro na Delegacia da Capitania dos Portos, em São Sebastião, com a presença dos ministros do Meio Ambiente, Sarney Filho, e da Defesa, Raul Jungmann, do presidente do ICMBio, Ricardo Soavinski, e da diretora da SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota. O evento marcou a assinatura da Portaria de Autorização para Visitação em Alcatrazes e acordo de cooperação com a SOS Mata Atlântica, no sentido de oferecer apoio à gestão.

A partir da assinatura da portaria, as empresas de turismo e profissionais autônomos inte­ressados, que atenderem os pré­-requisitos estabelecidos no do­cumento, poderão se cadastrar para prestar serviços de visitação no refúgio. A perspectiva é que no inicio de 2018 o turismo no local esteja já em funcionamen­to. “O turismo em Alcatrazes é uma antiga reivindicação de vá­rios setores locais, que possibili­ta a apropriação e a valorização pela sociedade desse importante patrimônio natural”, argumenta a chefe do Núcleo de Gestão In­tegrada de ICMBio Alcatrazes, Kelen Luciana Leite.

Fortalecimento do ecoturis­mo – Segundo ela, a criação do refúgio de Alcatrazes representa o fortalecimento do ecoturismo no litoral de São Paulo, em es­pecial para os municípios de São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatu­ba, Ubatuba, Bertioga, Guarujá, São Vicente e Santos, que juntos possuem uma expressiva frota de embarcações de esporte e re­creio. A demanda por visitação ao Arquipélago de Alcatrazes é histórica, remonta à década de 1990, quando foram iniciadas ações em prol da criação do Par­que Nacional Marinho dos Alca­trazes, que propunha o aumento da área marinha protegida e a implantação do ecoturismo como opção para o desenvolvi­mento sustentável regional.

Apesar da expectativa para o turismo no arquipélago, ati­vidades com esta finalidade nunca ocorreram devido a restrições relativas à Estação Ecológica (Esec) Tupinambás (categoria de unidade de con­servação que não permite a visitação pública) em algumas áreas, bem como por determi­nação da Marinha do Brasil, que em função de seus exercí­cios militares (que atualmente ocorrem na ilha da Sapata), in­terditou a navegação na região de 1998 até 2008.

Aniversário da unidade – Em 2 de agosto, a criação do Re­fúgio de Vida Silvestre do Arqui­pélago de Alcatrazes completou um ano. Neste período, os servi­dores elaboraram instrumentos de planejamento como o Plano de Manejo e o Plano de Uso Pú­blico, regulamentando uma série de questões relacionadas à impre­mentação da visitação pública.

A manutenção de seus ecos­sistemas com características e grau de conservação originais é o principal elemento norteador do plano de manejo e está expressa nos objetivos de criação da uni­dade de conservação. O refúgio é gerido de forma unificada com a Estação Ecológica Tupinambás, compondo o Núcleo de Gestão Integrada ICMBio Alcatrazes. Nas duas unidades foram regis­tradas 1.300 espécies, sendo que 93 delas estão sob algum grau de ameaça de extinção.

Além das ameaçadas, o ar­quipélago dos Alcatrazes abriga espécies endêmicas e possui a fauna recifal mais conservada e biodiversa do Sudeste e Sul do Brasil, sendo também área de reprodução e crescimento de es­pécies de valor comercial para o setor pesqueiro. Regionalmente é reconhecido como patrimônio natural, referência de paisagem para a população, além de abrigar sítios arqueológicos e importante patrimônio histórico.

Abriga também um dos maiores ninhais do país com nidificação de fragatas, atobás e gaivotões. Estão protegidas em Alcatrazes 259 espécies de pei­xes, destacando-se a garoupa, o tubarão-martelo, entre outras, e ocorre ainda presença consi­derável da tartaruga-de-pente e da tartaruga-verde, ambas ameaçadas de extinção. Na re­gião há intensa ocorrência de baleias e golfinhos, sendo ao todo dez espécies registradas para o arquipélago.

A vegetação do arquipélago é caracterizada por áreas de mata atlântica e campos rupestres, e já foram encontradas 320 espécies de flora. Além de exuberante be­leza e expressiva biodiversidade, o arquipélago de Alcatrazes faz par­te do patrimônio arqueológico, histórico e cultural da região. Os paredões graníticos de 316 me­tros de altura no meio do oceano impressionam os navegantes por sua beleza, e suas águas com boa visibilidade e grande quantidade de vida marinha são um convite ao mergulho contemplativo.

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