A Prefeitura de Ribeirão Preto não desistiu do plano de desativar a Unidade Básica Distrital de Saúde Doutor João Baptista Quartin, na avenida Jerônimo Gonçalves, para que o governo estadual instale no prédio um Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Mais Regional. No entanto, a demora do Executivo em encaminhar à Câmara o projeto que autoriza a cessão do prédio não decorre da reação negativa á proposta da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), mas de uma questão técnica – a necessidade de regularização do terreno onde foi construído o popular Pronto-Socorro Central.
A informação é do secretário municipal de Saúde, Sandro Scarpelini. Na quinta-feira, 14 de setembro, ele esteve na Câmara e disse que a Prefeitura não tem um “plano B”, ou seja, não desistiu de ter um AME no prédio hoje ocupado pela UBDS Central. Segundo ele, ao elaborar o projeto, a administração constatou que o terreno ocupado pela unidade nunca foi desmembrado de toda uma gleba de abrange uma grande área, desde a praça Francisco Schmidt até a do PS Central.
No passado, ali ficava a estação ferroviária da Cia. Mogiana, que nos anos 50 foi encampada pela Ferrovia Paulista S/A, que por sua vez na década de 1970 foi absorvida pela Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Nos anos 60 a antiga estação da Mogiana foi demolida, surgiu o Terminal Rodoviário e a interligação entre as ruas General Osório e Martinico Prado.
Como um projeto de cessão de um próprio público municipal deve especificar detalhadamente o terreno em questão está sendo necessário o desmembramento da área, no registro de imóveis (cartório), providência que atrasou a redação final do texto a ser enviado à Câmara.
O secretário da Saúde deixou claro que, tecnicamente, o prédio da UBDS Central é o único adequado para receber um AME em curto prazo. Outras alternativas apresentadas pelos vereadores não são viáveis. Segundo ele, o prédio do Núcleo de Gerenciamento Assistencial (NGA), na rua Minas, nos Campos Elíseos, é uma construção antiga, antes da vigência das normas atuais de acessibilidade – no local não existe sequer uma rampa, mas apenas escadarias.
Já a opção pela Unidade Básica de Saúde (UBS) do Castelo Branco tem uma série de empecilhos, como a impossibilidade de desativar o posto, focado na atenção básica de toda uma região da cidade – e mesmo a rede de energia elétrica disponível não comporta as necessidades de um AME. Quando ao prédio do Lar Santana, Scarpelini lembra que a construção tem décadas e a reforma seria dispendiosa a ponto de ser inviável – o AME teria equipamentos muito pesados, inviáveis de serem montados num prédio que tem até porão, de tão antigo.
O secretário destacou que, para se ter um AME em curto prazo, a única opção é mesmo o prédio da UBDS Central, cuja desativação viabilizaria a abertura da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Sumarezinho, que está pronta, mas segue sem previsão de inauguração – o custo mensal de manutenção é de cerca de R$ 2 milhões e não existe no orçamento de 2017 verba alocada para a UPA da rua Cuiabá. Também faltam equipamentos e a a mão-de-obra deve ser terceirizada.
Oposição – Representantes do Movimento Contra o Fechamento da UBDS Central, frente que reúne mais de vinte entidades entre sindicatos de médicos e servidores, associações de classe e de bairros, partidos políticos e afins, entregaram no Protocolo Geral da Prefeitura de Ribeirão Preto um abaixo-assinado com mais de 13 mil subscrições contra a cessão do prédio. A Câmara também já emitiu comunicado oficial em que se manifesta contrária ao projeto. Uma Comissão Especial de Estudos (CEE) concluiu que a mudança é inviável e poderia prejudicar a população.
O governo também está preocupado porque cidades da região – como Sertãozinho e Batatais – também já se movimentam para levar o AME. Elas também reivindicam a instalação do ambulatório e já estão se mobilizando para convencer o governo de São Paulo, que vai injetar R$ 20 milhões por ano na unidade.
O AME atenderá 25 especialidades médicas, com a previsão de fazer oito mil consultas médicas e três mil consultas não médicas (dentistas, atendimento em enfermagem, entre outros) por mês, 200 cirurgias ambulatoriais mensais e realizar mais de 22 mil exames a cada 30 dias. Atualmente, a fila para consulta em algumas especialidades chega a três anos – proctologia, por exemplo –, e a Prefeitura garante que o novo equipamento vai acabar com essa injustiça.